Três ordens religiosas ainda existem em João Pessoa

Apenas a dos beneditinos não existe mais. Extinção ocorreu por causa de uma medida de dom Pedro II.

Os grupos enviados por Portugal eram formados apenas por homens. Com o passar do tempo, as mulheres também começaram a ingressar nas ordens religiosas. Mais que adotar uma religião, os trabalhos ensinavam a praticar o amor ao próximo, como garante a dona de casa Regina Motta, 48 anos.

De corpo franzino e voz suave, ele confessa sentir orgulho em afirmar que é carmelita. Faz parte da ordem há dez anos e conta que o trabalho missionário melhorou a qualidade de vida.

“Antes, eu era uma pessoa muito nervosa, tinha muitos problemas e uma vida atribulada. Agora, sou uma pessoa calma. Visito doentes, faço caridades e ajudo as pessoas sempre que preciso. Tenho mais comunhão com Deus e recebo essa paz que só Ele nos dar”, diz, com sorriso.

O estudante de história da Universidade Federal da Paraíba Fernando Luiz Araújo Costa, 21 anos, também sentiu na pele os benefícios do trabalho missionário. Durante três anos, ele viveu em um convento franciscano. Queria se preparar para seguir a carreira sacerdotal, mas desistiu no caminho e saiu do local. Em seguida, iniciou o curso superior na UFPB. Apesar disso, não esquece que, no convento, adquiriu muito mais que conhecimentos católicos.

“Aprendi a me tornar mais humano, a saber a importância da solidariedade e da caridade. Lá, acordávamos às 5h30 e passávamos o dia estudando, fazendo orações e trabalhos artesanais. Tive aulas de filosofia, de teologia, de português e acredito que isso me ajudou a passar no vestibular”, comenta.

Extinção

Das quatro ordens religiosas, apenas a dos beneditinos não existe mais em João Pessoa. O pesquisador eclesiástico Ricardo Grisi explica que a extinção ocorreu por causa de uma medida de dom Pedro II. Segundo ele, as ordens possuíam muitas propriedades e o imperador estava interessado em ficar com esse patrimônio.

Por conta disso, proibiu a entrada de noviços nas ordens. “Com isso, os membros das ordens foram ficando velhos, morrendo e não havia quem os substituísse. Assim, foi ocorrendo um despovoamento”, lembra.

O teólogo Lindolfo Equeres, que possui mestrado em Ciências das Religiões, acrescenta que membros da ordem dos beneditinos ainda podem ser encontrados em Pernambuco.