Trotes representam 30% das ligações recebidas pelo Samu

Órgão recebe diariamente uma média de 1.000 chamadas. Atendentes do Samu fazem um trabalho para tentar identificar os trotes, mas nem sempre isso é possível.

Em média, 1000 pessoas ligam todos os dias para pedir socorro ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em João Pessoa. No entanto, esse número traz um dado alarmante: 30% das chamadas são trotes. O dado foi dado pelo coordenador-geral do Samu, Márcio Gomes Ferreira.

Segundo o coordenador, a prática da infração prejudica bastante a atuação do Samu. Márcio explicou que os responsáveis por atender as ligações são instruídos para fazerem uma série de perguntas aos solicitantes para identificar se é alguém de fato precisando de atendimento ou um trotes. Ele disse que isso ajuda a evitar que as ambulâncias sejam deslocadas para uma ocorrência inexistente.

“Algumas vezes o trote é muito elaborado e a ambulância acaba saindo e só quando chega ao local constata que se tratava de uma brincadeira”, destacou Márcio Gomes. “ A população as vezes não entende, não gosta, porque fazemos tantas perguntas, um interrogatório”, acrescentou.

A incidência dos trotes cresce muito no horário de intervalo escolar, meio da manhã e metade da tarde, o que aponta para uma maior prática entre crianças e adolescentes. Esse é o único dado que o Samu possui com relação ao perfil das pessoas que fazem as ‘brincadeiras de mau gosto’ com o órgão.

“Uma medida que poderia ser tomada pelo Samu é o bloqueio do número que fez a ligação. Mas, não fazemos isso, pois a pessoa que passou o trote pode precisar do serviço de fato, um dia”pontuou Márcio Gomes.

Leis estabelecem punições

A Paraíba tem duas leis estaduais que estabelecem punições aos praticantes de trotes contra o Samu e outros órgãos, como Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.

A mais recente é a Lei 9.544/2011 que determina que os órgãos devem encaminhar às operadoras telefônicas um relatório com os números de onde partiram os trotes e as empresas, por sua vez, devem informar os nomes dos donos dos telefones. A multa prevista é de R$ 100 por cada trote realizado, duplicando-se o valor em caso de reincidência. A 9.002/2009 tem um texto similar, a diferença é que ela destina os valores das multas para a modernização tecnológica das unidades operacionais das vítimas das ligações telefônicas falsas.

O coordenador-geral do Samu de João Pessoa disse ter conhecimento dessas normas, mas garantiu que elas não funcionam. “É uma burocracia muito grande, caso queiramos identificar os responsáveis pelas ligações”, afirmou Márcio Gomes.

O médico destacou que o Samu prefere trabalhar com campanhas de conscientização na mídia para que a população entenda a gravidade da realização dos trotes e evite a prática da infração.