Usinas recebem recomendação para preservar rios que abastecem João Pessoa

Empresas devem apresentar projetos de recuperação de áreas de preservação permanente.

Usinas recebem recomendação para preservar rios que abastecem João Pessoa

Três usinas paraibanas receberam recomendações do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público da Paraíba (MPPB) para preservarem os recursos ambientais das bacias dos rios Gramame e Abiaí, que abastecem João Pessoa e a Região Metropolitana. A entrega das orientações foi divulgada na quarta-feira (16).

As recomendações foram feitas no âmbito de inquéritos civis que apuram a poluição dos rios e os danos causados ao meio ambiente e comunidades ribeirinhas. O rio Gramame é responsável por fornecer água para 70% da Região Metropolitana de João Pessoa.

O objetivo é que as usinas apresentem, em quatro meses, Projeto e Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad) para todas as áreas de preservação permanente (APP) nas respectivas propriedades e nas áreas de onde adquiram cana-de-açúcar, nas quais estão localizados centenas de pontos de nascentes e olhos d’água perenes. As usinas também devem apresentar informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que permitam a avaliação da degradação ou alteração das APPs e custear a realização de estudos e levantamentos periódicos que demonstrem a situação das áreas degradadas e sua gradativa recuperação.

Ainda conforme as recomendações, a execução dos planos de recuperação de áreas degradadas deve ser iniciada em seis meses e os dados da execução devem ser encaminhados ao MPF e ao MPPB. As usinas também devem comprovar, em 90 dias, a averbação das áreas de reserva legal nos registros de imóveis ou no Cadastro Ambiental Rural, de todos os imóveis explorados diretamente por elas ou por seus fornecedores de cana-de-açúcar ou outros produtos agroflorestais.

A Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) deve acompanhar a execução das recomendações, inclusive com visitas às áreas, avaliações e sugestões de alterações nos planos de recuperação de áreas degradadas elaborados pelas usinas.

O promotor de Justiça José Farias de Souza Filho explicou que a mata ciliar tem a função de defender o curso d’água contra poluentes externos, como metais pesados, excesso de pulverização de defensivos agrícolas. “Tudo isso quem segura é a mata ciliar. Quando se retira essa mata ciliar, que é a vegetação natural, e se planta cana-de-açúcar até a beira da água, se perde essa função, então, tudo quanto é agrotóxico que se coloca na plantação, por exemplo, vai para dentro do rio e para os reservatórios”, demonstra o promotor, complementando que entre as fontes de drenagem do rio estão as nascentes localizadas nas reservas legais, nas APPs.

“O que o Ministério Público está fazendo é dar oportunidade para que as usinas revejam suas condutas e passem a ter produtos ambientalmente limpos. Se isso ocorrer, os empreendimentos serão grandes atores na promoção de um meio ambiente saudável. Inclusive, a recomendação diz às usinas que não comprem de ninguém que produza de forma irregular ambientalmente. Caso as usinas não cumpram o recomendado, nós teremos que dizer para os compradores dos produtos delas que não comprem porque é um produto ambientalmente sujo e o consumidor entenderá essa mensagem com certeza”, alertou o procurador regional dos Direitos do Cidadão, José Godoy.