Sair de casa nos dias claros e quentes do verão pode ser um martírio para as pessoas que sofrem de uma doença muito comum, mas pouco conhecida pelos pacientes: a fotofobia, caracterizada pela aversão à luminosidade e que pode levar a complicações graves, caso não seja tratada.
Segundo a oftalmologista Gisélia Barreto Dias, a doença pode ser desencadeada por diversos fatores (a exemplo das lesões na córnea, olho seco, astigmatismo) e o nível de desconforto também varia por paciente.
“Quase 90% das pessoas que chegam ao meu consultório têm fotofobia em algum grau, mas muitas vezes não sabem disso”, revelou a especialista, acrescentando que alguns pacientes chegam a ter até úlceras na córnea, em virtude da doença não tratada. A visão também pode ser prejudicada.
Entre os sintomas mais comuns da patologia estão a dificuldade de enxergar com nitidez, lacrimejamento e ardência nos olhos – de modo que a pessoa está sempre passando a mão nele – , além de dificuldade para dirigir à noite, por causa das luzes e dos faróis.
“Há pacientes que chegam com um grau tão avançado da doença que confessam dirigirem com óculos escuros até de noite, porque as luzes os deixam quase cegos”, contou Gisélia. E foi justamente pela dificuldade em conduzir carro que o motorista particular Fabiano Bernardo da Silva, 31 anos, resolveu procurar um médico e descobriu a fotofobia, que já vinha há cerca de oito anos e tinha gerado complicações.
No início, ele conta que ficava “com os olhos vermelhos, muito irritados e correndo bastante água quando em contato com a luz”. Entretanto, como o problema não o afetava tanto, ele protelou a visita ao médico e o quadro se agravou.
“Chegou ao ponto que estava vendo só o vulto com o olho esquerdo, não abria o olho no sol e forçava muito a vista para poder enxergar dirigindo. Foi quando me consultei e o médico disse que minha visão do olho esquerdo estava 78% debilitada”, relatou.
Em virtude das complicações geradas pela fotofobia, Fabiano teve que ser operado para corrigir o problema e evitar que a visão fosse mais debilitada. Ainda usando óculos escuros constantemente em decorrência da cirurgia recente, Fabiano não pôde precisar as mudanças na saúde ocular, mas tinha boas perspectivas.
Cuidados
Segundo a oftalmologista Gisélia Barreto, os óculos de sol não são meros acessórios: eles são necessários para a proteção dos olhos. “Estamos em um Estado onde passa o meridiano solar, o raio mais forte do sol, então os óculos são fundamentais em qualquer época do ano”, orientou a especialista, lembrando que as lentes precisam ter filtro ultravioleta.
A médica alertou, ainda, que lavar os olhos com colírio adequado é outro cuidado importante. “Quase 90% dos pacientes que chegam ao consultório têm alguma inflamaçãozinha (que gera fotofobia) porque não tem esse simples hábito de lavar os olhos. Aliás, todo mundo tem que ter um colírio lubrificante na bolsa”, apontou.
