A lua do brincante

Explorando o legado do ‘Rei do Baião’, Antônio Nóbrega se apresenta nesta sexta-feira (26) no Teatro da Facis em Campina Grande.

“Foi o espetáculo em que eu resolvi comemorar meus 60 anos de vida”, revela o brincante Antonio Nóbrega a respeito de Lua, que será apresentado hoje, no Teatro da Facisa, às 21h, como parte da programação da 38ª edição do Festival de Inverno de Campina Grande (FICG). “Juntei os meus 40 anos de carreira com mais meus 60 de vida e resultou nos 100 anos de Gonzaga”, soma.

Criado em virtude do centenário de nascimento do ‘Rei do Baião’ – comemorado em dezembro do ano passado – o show explora o legado de Gonzagão (1912-1989) em releituras de músicas instrumentais, clássicos e canções pouco conhecidas.

“Escutei praticamente tudo dele”, aponta. “O espetáculo são recortes que se pode apresentar tanto em praça pública, que tem um espírito mais festeiro nas ruas, quanto em teatros fechados, que oferece oportunidade de se ter um clima mais intimista”.

No repertório, músicas menos conhecidas como ‘13 de dezembro’, ‘Araponga’, ‘Siri jogando bola’ e ‘Adeus Pernambuco’ ocupam espaços sonoros com ‘Acauã’, ‘Que nem Jiló’, ‘Baião’, ‘Juazeiro’ e ‘Asa Branca’, entre outras.

Acompanhado o artista pernambucano, uma banda formada por sete músicos: Edmilson Capelupi (violão de 7 cordas e cavaquinho), Daniel Allain (flauta e sax), Cléber Almeida (bateria), Leo Rodrigues (pandeiro e percussão), Edson Alves (baixo e violão), Zé Pitoco (sax e zabumba), e Olívio Filho (acordeão).

“Tenho sorte de ter ao meu lado uma banda rica, onde os músicos tocam três, quatro instrumentos. Na verdade, tenho uma verdadeira orquestra”.

Nóbrega apresenta o leque diversificado de ritmos e gêneros que permeava a obra de Luiz como o xote, o xaxado, o chamego e o baião. “Espero trazer toda a heterogenia – se posso dizer assim – do espírito de Gonzaga”.

Os ingressos de Lua serão vendidos na bilheteria do teatro por R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia).

DOCUMENTÁRIO

Espetáculos de Antonio Nóbrega como Lunário Perpétuo (2003), 9 de Fevereiro (2008) e Naturalmente (2011) foram transformados em registros audiovisuais pelo cineasta paraibano Walter Carvalho, um “parceiro de recriação”.

O novo projeto do diretor é o documentário intitulado Brincante, que mergulha na obra do pernambucano conduzida pelos seus personagens João Sidurino e Rosalina – das peças Brincante e Segundas Histórias, respectivamente, encenadas por Nóbrega e Rosane Almeida.

O artista acompanha de perto a feitura do filme, dando sugestões e observações no desenrolar da montagem. “Tem um momento que o bonde anda apenas com a regência do diretor”.

Brincante é um misto de ficção e documentário, apresentando a trajetória de um artista que se diversifica entre teatro, música e dança. “É um filme que fica no meio do caminho”, classifica Nóbrega. “É um filme como eu, que tem uma visão de semi-intelectual ou intelectual de araque, que tem uma ‘coceira’ para saber de onde vem a cultura popular”.

Tanto que o novo projeto de Antonio Nóbrega é a “construção de uma linguagem de dança a partir das matrizes da cultura popular brasileira”. A companhia de dança que leva seu nome estreou no mês de maio em São Paulo com o espetáculo Humus.

Além da apresentação de Lua no Festival de Inverno de Campina Grande, o brincante pernambucano já tem data marcada para voltar ao Estado: no começo de outubro irá ministrar uma aula-espetáculo para o recém-inaugurado Curso de Dança da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa.