As irmãs Ana e Manu dividem o público

Relação das irmãs Manu e Ana é explorada na trama, dividindo opinião de telespectadores.

Raquel e Ruth, em ‘Mulheres de Areia’ (1963). Paula e Taís, em ‘Paraíso Tropical’ (2007). Ou ainda Júlia e Yolanda, em ‘Dancin’ Days’ (1978). Nas novelas citadas, o telespectador podia facilmente tomar partido e escolher por quem torcer para se dar bem no final. Em tais tramas, a diferença entre uma irmã, que assumia um comportamento típico de mocinha, e a outra, de vilã, era clara.

Em contrapartida, em ‘A Vida da Gente’, trama das seis da Globo, pairam dúvidas. Afinal de contas, no conflito entre Manu (Marjorie Estiano) e Ana (Fernanda Vasconcellos), que amam o mesmo homem, uma delas estaria agindo de má-fé? Quem deve ficar com o Rodrigo (Rafael Cardoso)? Elementos a favor e contra as duas influenciam ambos os lados e, ultimamente, só têm causado confusão na cabeça dos telespectadores.

Lícia Manzo, autora do folhetim, está adorando a divisão de opiniões do público. “Isso expressa a dificuldade da questão que as duas personagens enfrentam. Manu e Ana são pessoas bacanas, íntegras, boas. Uma não quis prejudicar a outra”, afirma Lícia. Na polêmica história, Ana sofreu um acidente e entrou em coma após ter tido uma filha com Rodrigo. Ao acordar, anos depois, sua irmã estava vivendo com o rapaz e cuidando da filha dela, Júlia (Jesuela Moro).

Segundo Claudino Mayer, especialista em teledramaturgia pela USP (Universidade de São Paulo), em “A Vida da Gente”, não existe a vilã clássica, tão vista em outras tramas. “Manu e Ana têm alternâncias de vilania. Então, em alguns momentos da história, o público vai torcer por uma em detrimento da outra”, explica ele.
Rodrigo e Ana assumiram novamente seu amor, existente antes do período em que a tenista ficou em coma. Manu, por outro lado, sentiu-se enganada pela irmã e resolveu sair da cidade. Segunda Lícia, Manu se tornará mais reservada ou poderá ter dificuldade para acreditar no amor e nas pessoas, como fazia antes. “A relação entre as irmãs vai fomentar emoções comuns a todo o mundo. Será uma mistura de raiva e de mágoa. Mas, independentemente do que acontecer, a base vai ser sempre o amor”, diz Marjorie.