É Godard quem diz que fotografia é verdade e cinema é verdade 24 vezes por segundo. Jornalista e fotógrafo paraibano, Augusto Pessoa está aprendendo a lidar com a verdade em movimento.
Em meio à sequência de premiações de O Pau da Bandeira (2012), curta feito em parceria com Felipe Wenceslau, o também cineasta acaba de lançar no YouTube o trailer do seu mais recente trabalho: Inka, Uma Travessia (2013), documentário que estreia no próximo mês, no 6º Festival UFC de Cultura, em Fortaleza (CE).
O projeto não é novo e remonta a mais de uma década atrás, quando Augusto Pessoa fez sua primeira viagem a Machu Picchu (no Peru), com nada mais que o seu equipamento fotográfico, uma muda de roupa e um exemplar surrado de As Veias Abertas da América Latina (1971) na mochila.
“Este filme era um sonho meu desde 1999, quando fazer cinema ainda era uma utopia", revela o diretor, que volta à cidade perdida do império Inca anualmente. "Já havia feito alguns projetos de fotografia por lá e, em 2011, convidei (o operador de áudio) David Neves e (o assistente de direção) Gustavo Almeida para refazer junto comigo o roteiro da minha primeira viagem."
A equipe passou 40 dias na região dos Andes, começando a peregrinação no famoso ‘Trem da Morte’, que liga Corumbá (no Mato Grosso do Sul) a Santa Cruz de la Sierra (na Bolívia).
Chegaram ao Chile pela cordilheira e atravessaram o deserto do Atacama em um jipe alugado, parando em Cusco, já no Peru, de onde seguiram para o ponto final da jornada: as ruínas da cidade pré-colombiana situada no vale do rio Urubbamba, a velha e inefável montanha – Machu Picchu.
"O documentário é bem fotográfico, pois só tem imagens e trilha sonora. O roteiro original previa alguns depoimentos, mas achamos que a coisa ia ficar muito ‘Discovery Channel’ e optamos por algo mais visual", explica Augusto, que desta vez utilizou o som da Cabruêra (ele é irmão do vocalista, Arthur Pessoa) apenas no trailer. "A trilha sonora original ficou toda a cargo da Ubella Preta, que é a banda em que David Neves toca guitarra."
Realizado em parceria com a produtora Imaginária Criativa, o documentário tem cerca de 20 minutos e já estreia em festival no próximo dia 4, com uma exposição que retrata os bastidores da viagem (registrados em texto no blog: inkaumatravessia.wordpress.com).
O material em DVD também sai em novembro com uma caixinha com o catálogo da exposição e um envelope com quatro pôsteres com paisagens andinas impressas em padrão de excelência gráfica. Segundo Augusto Pessoa, depois da estreia no Ceará (terra do assistente de direção, Gustavo Almeida), o projeto será lançado na Paraíba em data ainda a ser definida.
DESTAQUE EM PARATY
Enquanto a trajetória de Inka pelos festivais está só começando, O Pau da Bandeira, primeiro trabalho de Augusto Pessoa com o cineasta Filipe Wenceslau (com quem realizou também o curta A Ferro e Fogo), já acumula um currículo de premiações.
Selecionado para o Festival do Filme Etnográfico do Recife, que ocorre na capital pernambucana este mês, o filme sobre a festa de carregamento do Pau da Bandeira, no cariri cearense, foi premiado no domingo passado como melhor filme e melhor montagem no 9º Festival Brasileiro de Filmes de Aventura, Turismo e Sustentabilidade (Fatu), em Paraty (RJ).
