Astier Basílio
Do Jornal da Paraíba
Em 1996, quando Chico Science & Nação Zumbi lançou o seu segundo álbum, Afrociberdelia, a história do vinil estava da extrema unção para lá. As parabólicas, os celulares, a internet… com todo o surto de modernização que teve na música cheia de lama, gabirus e mangue, sua trilha sonora, seria chamado no mínimo de louco alguém que imaginasse que 14 anos depois, as pessoas voltariam se interessar pelos antigos bolachões. Porém, é justamente isso o que acontecendo. E nesta onda nostálgica, o som de Chico Science também vai rodar na velha e boa bolacha de vinil.
A Polysom, única fábrica de vinil da América Latina em atividade, fez um acordo de licenciamento com algumas gravadores, ação que resultou em uma coleção “Clássicos em Vinil”, da Deck Discos. Já chegaram ao mercado títulos como Nós Vamos Invadir sua Praia, (Ultraje a Rigor), Todos os Olhos (Tom Zé), Africa Brasil e A Tábua de Esmeralda (ambos de Jorge Ben). Agora, está em processo de fabricação Afrociberdelia.
A produção é assinada por Eduardo BID em parceria com a banda. O LP original vinha com 13 músicas, entre as quais “Manguetown”, “Samba do Lado”, “Etnia”, “O Cidadão do Mundo”, “Macô” (com participação de Gilberto Gil) e outras, além da bela e forte regravação de “Maracatu Atômico”, de Jorge Mautner.
Para o relançamento na série, a Polysom incluiu duas faixas que só figuravam no CD original: “Mateus Enter” e “Sangue de Bairro”.
Nesta edição, os áudios foram remasterizados dos tapes originais, assim como as artes também reproduzem o projeto gráfico original. O pacote vem selado com adesivo dourado e preto criado especialmente para a série “Clássicos em Vinil”. Vale lembrar ainda que todos os discos da série têm edição limitada e são produzidos com 180 gramas de vinil.
Misturando referências da cultura pop como o rock ‘n’ roll e o hip hop com elementos da cultura tradicional como o maracatu e os ritmos populares, Chico Science & Nação Zumbi foi uma grande referência para a música alternativa dos anos 1990.
Menos de duas décadas depois, a poderosa mistura de sons poderoso, mesmo que ainda sirva de combustível para alguns grupos, já se tornou, em certo sentido, clássica e com um lugar reservado na história da música popular brasileira.
