Roberto Carlos canta hoje à noite na Domus Hall, em João Pessoa, nove dias antes do lançamento do seu novo disco. Primera Fila chega às lojas em 30 de outubro em CD, DVD e combo de CD + DVD. A coincidência sugere um retrospecto do trabalho recente do grande artista que, desde os anos 1960, é chamado de Rei.
Durante três décadas, ele fez do disco de fim de ano uma tradição natalina, inserindo dezenas de canções na memória afetiva de milhões de pessoas. A despeito de pertencer a regiões profundas do ser do Brasil, nunca foi plenamente assimilado pela intelligentsia nacional. Os discos antigos é que eram bons, as canções mais bem feitas são de Erasmo, outros cantores interpretam melhor seu repertório – diziam com frequência os que não se rendiam ao seu talento e à sua importância.
No meio de tudo, havia uma cobrança: é preciso quebrar a tradição do disco de fim de ano com músicas inéditas e produzir algo “fora de série”. Já é tempo de sair da zona de conforto, afirmavam seus críticos.
Um dia, aconteceu. Como costuma ocorrer com os que têm carreira longa, o artista deixou de gravar o disco anual de inéditas. Vieram, então, as produções que se enquadram no “fora de série” que lhe cobravam. A lista, extensa, começa ainda nos anos 1990 com Canciones que Amo, dedicado ao repertório de língua espanhola. Como o Fina Estampa, de Caetano Veloso.
O acústico da MTV, já no início dos anos 2000, é um dos melhores. Arranjos impecáveis, modernos, recriando rocks e baladas do passado. Mas não é o único dos vários discos ao vivo. Num deles, em parceria com Caetano, o Rei presta tributo a Tom Jobim nos 50 anos da Bossa Nova. Nem seu empresário acreditou que fosse possível.
Os CDs ao vivo enriqueceram sua discografia. No Rio, em São Paulo, Miami, Jerusalém, Las Vegas. Além do Elas Cantam Roberto Carlos e Emoções Sertanejas, que festejam o cinquentenário de carreira. Pouco mencionados, Amor Sem Limite e Pra Sempre são álbuns de inéditas, enquanto o EP Esse Cara Sou Eu, ainda que parcialmente, trouxe de volta a mística do disco de fim de ano.
Primera Fila, que chega às lojas no final de outubro, foi gravado ao vivo no estúdio dos Beatles, em Abbey Road. Sem seus músicos habituais e com novíssimos arranjos, Roberto Carlos comemora meio século de presença no mercado hispânico. E o faz em grande estilo, indica a versão reggae de ‘Eu te Amo, te Amo, te Amo’.
Depois de tantas incursões pelo “fora de série”, seus críticos agora cobram o retorno à tradição do disco de inéditas de fim de ano. Apenas uma eloquente confirmação da má vontade de tantos quando o assunto é o Rei.
CINCO ANOS
Hoje, o público pessoense pode vê-lo ao vivo, após uma ausência de cinco anos. A última vez foi em 2010. Roberto Carlos, 74 anos, 56 de carreira, é um dos grandes artistas do Brasil. Amado por uma legião de fãs que se curvam à beleza de sua voz e à força do seu carisma quando sobe ao palco, abre os braços e canta ‘Emoções’.
