O que há de coeso entre as 11 faixas do disco é a verve composicional de João Cavalcanti, de uma pegada mais discursiva, influenciada por mestres como Chico Buarque: "Eu sempre tive a fluência como arma", concorda. "Sou jornalista de formação, tenho devoção pela língua portuguesa e mais ainda pela língua ‘brasileira’. Minha música está à mercê da letra. Eu falo da maneira que componho. Minha escola de composição acredita muito na letra, no discurso, na tese. Posso até soar prolixo, mas, verborrágico ou não, espero que eu soe verdadeiro".
João não está sozinho no barco e cita outros artistas da nova cepa que também têm esse apego à letra, como Karina Buhr, Tulipa Ruiz, Cícero e o grupo O Terno. Sobre a Casuarina, afirma que o grupo continua uma prioridade, e que a carreira solo está dentro de um "modelo novo de negócio": "Montamos uma estrutura idêntica tanto para a banda quanto para o Placebo, com a mesma empresária e a mesma gravadora. A agenda está sendo conduzida normalmente. Não tenho por que abrir mão da Casuarina".
O "negócio" encontra paralelo imediato no duplo conduzido pelo amigo Pedro Luís, em quem se espelha: Pedro, que assina o release e, além de sua trajetória individual, dirige o Monobloco, que hoje possui um galpão próprio, uma produtora, e núcleos que viajam o Brasil. No material de divulgação do disco, destaca composições de João Cavalcanti que foram gravadas por outros artistas antes de Placebo, como ‘O nego e eu’, cedida a Roberta Sá; a ‘Discreta’, parceria com Antonia Adnet; e ‘Dissimulada’, do Casuarina.
Neto de campinenses, João Cavalcanti conta achar um vexame não ter tido a oportunidade de viajar em turnê ao Nordeste: "Eu fico morrendo de vergonha porque o Casuarina, por exemplo, não conseguiu ir praí. Seria delicioso, por exemplo, fazer um show em Campina Grande. Tenho uma conexão íntima com a Paraíba e vou adorar fazer conexões com lugares diferentes".
A possibilidade surge agora que pretende viajar com uma formação menor: "O show que a gente montou é super versátil".
