Crítica: ‘Batman vs. Superman’ mostra balança da justiça desequilibrada

Longa tem seus altos e baixos no decorrer dos seus 180 minutos de duração. Filme teve uma gestação controversa e cheia de especulações.

Na corrida para cativar o público (tradução: render mais na bilheteria) entre as rivais Marvel e DC, esta última lança seu maior ‘trunfo’ antes de um filme que junte seus principais super-heróis para formar a Liga da Justiça no cinema: Batman vs. Superman – A Origem da Justiça.

Presença esmagadora nos cinemas paraibanos (principalmente com caras sessões de cópias em 3D altamente dispensáveis), o longa de título autoexplicativo tem seus altos e baixos no decorrer dos seus 180 minutos de duração.

Antes mesmo de estrear, o filme teve uma gestação controversa e cheia de especulações por causa do polêmico O Homem de Aço (2013), uma modernização do ‘escoteiro’ do planeta Krypton, deixando seu azul celeste mais escuro.

Após a luta contra o general kriptoniano Zod que arrasou metade de Metropolis, Superman (vivido novamente pelo pouco carismático Henry Cavill) se tornou a figura mais controversa do mundo (na verdade, nos dois mundos – o ficcional e o real).

Assim como as calorosas opiniões nas redes sociais da situação político-econômica do país, há quem apoie as atitudes do Superman e há quem desaprove ou o veja como uma ameaça (neste caso, a opinião de um tal Homem-Morcego, violento e mal-humorado na pele de Ben Affleck).

O que incomoda mais no filme é a interpretação afetada do arqui-inimigo do Homem de Aço, Lex Luthor (um cabeludo Jesse Eisenberg, de A Rede Social). Seu vilão excêntrico (com espasmos de Coringa) tenta ser descolado com suas tiradas e seu figurino moderninho. De certa forma, esse lado negativo ficou funcional no longa em momentos chaves – quando há uma reviravolta no congresso ou quando Batman o visita.

É de Luthor a melhor reflexão sobre a figura do Superman e o peso de sua responsabilidade: se Deus é todo-poderoso, Ele não pode ser inteiramente bom, e vice-versa.

Mesmo arrancando aplausos dos mais entusiasmados, a participação da Mulher-Maravilha (Gal Gadot, da franquia Velozes & Furiosos) na pré-batalha final é pífia, deixando mais evidente um lado socialite-quase-bond-girl da Amazona do que de uma embaixadora. A inserção de Flash (Ezra Miller), Ciborgue (Ray Fisher) e Aquaman (Jason Momoa) na trama é mais eficiente.

Tirando a trilha ‘quero ser épica’, sonhos desnecessários e uma montagem apressada em alguns momentos, o embate entre os principais heróis da DC é um dos ápices da produção, assim como o desfecho aberto (a participação pirotécnica da criatura Apocalipse norteia esse destino) e o desempenho de um sisudo e eficiente Batman.

Em agosto, a Warner/DC vai testar o seu ‘lado B’ (assim como a Marvel testou Guardiões da Galáxia) com o Esquadrão Suicida, com a participação do Morcego.

Com a balança desequilibrada (culpa do diretor Zack Snyder?), o universo ‘decenauta’ vai se ajustando na telona, agradando e desagradando fãs.