Elomar e João Omar homenageiam Ariano

‘Concerto Arioso’ será apresentado na Sala de Concertos José Siqueira. Evento terá participação de Nilson Galvão

Sem mapeamento espacial, a união dos Sertões baiano e paraibano estarão presentes no Concerto Arioso, com árias compostas e executadas pelo menestrel Elomar Figueira de Melo e seu filho, João Omar. Haverá também a participação especial do violoncelista do Quinteto da Paraíba, Nilson Galvão.
A apresentação acontecerá nesta sexta-feira, a partir das 21h, na Sala de Concertos José Siqueira do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. Os ingressos serão vendidos no local por R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia).

De acordo com o violonista João Omar, a homenagem ao dramaturgo e escritor paraibano Ariano Suassuna (1927-2014) tem uma série de princípios. “Os principais são a celebração da resistência e a apologia dos personagens que não são heróis – são quase anti-heróis”, conta. “É um olhar sobre a cultura popular sem ser o olhar de pesquisa, mas de criação”.

No repertório, além de árias de ópera inéditas de Elomar, haverá músicas mais antigas como ‘Cantiga do amigo’, ‘O violeiro’, ‘Arrumação’, ‘O rapto de Joana do Tarugo’ e ‘Campo branco’, somadas aos solos de violão de João Omar, retirados do seu segundo álbum, intitulado Ao Sertano, lançado no ano passado.

No concerto, a homenagem direta a Ariano Suassuna se dá pela afinidade do dramaturgo com estes elementos ibéricos e medievais, que fala de reinos, rainhas e donzelas, além da sabedoria popular dos cantadores e o movimento armorial, iniciativa artística cujo objetivo é criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular da região.

“Ambos os autores são guardiões da resistência da cultura popular nordestina”, aponta João Omar. “Mas não é meramente transpor para a obra a cultura popular. Não é isso. É celebrar a cultura com a criação, mas sempre com respeito à linguagem e aos costumes nordestinos”.

Depois da apresentação em João Pessoa, amanhã, às 21h, Elomar Figueira de Melo e  João Omar levam o Concerto Arioso para o Teatro RioMar Recife, em Pernambuco.

Avesso à fama, Elomar vive por opção na região do semiárido, no Sudoeste da Bahia, onde divide seu tempo cuidando das suas duas pequenas fazendas (a Duas Passagens e a Casa dos Carneiros, esta última imortalizada no clássico ‘Cantiga de amigo’) em que cria carneiros e cabras.