Elton John voltas às origens em novo CD

Aos 66 anos, o cantor britânico tem mostrado às novas gerações que não é só o cantor de baladas cafonas.

Nos últimos tempos, Elton John andou se associando a DJs (vide o Pnau, com quem divide os créditos de Good Morning to the Night) e cantando e tocando em discos de rock (aquele pianinho ali em ‘Kalopsia’, do último disco do Queens of The Stone Age, é dele).

Aos 66 anos, tem mostrado às novas gerações que não é só o cantor de baladas cafonas. Sua história é nobre, rica, influente e infinitamente talentosa, pautada por grandes álbuns (Goodbye Yellow Brick Road é um deles) e um punhado de grandes canções.

O produtor T-Bone Burnett, que trabalhou com o músico em The Union (2010), unindo Elton John e Leon Russell, sugeriu que ele voltasse às suas origens. E foi assim que John e seu fiel escudeiro (e parceiro de longa data) Bernie Taupin escreveram The Diving Board (Universal Music, R$ 30,00), cujo CD acaba de ser lançado por aqui em sua forma deluxe, com quatro faixas bônus que se somam às 15 originais.

The Diving Board é um passeio firme pela influência da música americana sobre o cantor inglês. Há country, há blues, há gospel e há baladas edificantes, executadas com precisão cirúrgica por uma formação enxuta (piano, baixo e bateria, em sua maioria), que deixam o dedilhar de sir Elton John se sobressair.

Esse piano soa magnífico em faixas como ‘Oscar Wilde gets out’, de riff marcante. Ela é uma das primeiras faixas do CD e aparece rodeada de canções que bebem diretamente do country e do folk, como ‘Cant’ stay alone tonight’, ‘A town called Jubilee’ e ‘The ballad of blind Tom’.

No meio do repertório – logo após o primeiro interlúdio barroco batizado de ‘Dream’ – Elton John apresenta suas baladas, que vão do tom solene (‘Oceans away’) ao jazz (‘My quicksand’, da qual ele se refere como “meu momento Nina Simone”), passando pop que fez sua fama nos anos 1980 (‘Home again’).

‘Take this dirty water’ é o momento gospel, com direito até a coral, mas é no blues ‘Mexican vacation’ onde o repertório ganha seu ponto alto.

Melhor disco de Elton John em décadas, The Diving Board reverencia o passado sem nostalgia, mas com a mesma afinação.