Imagem e som cinco estrelas

Com cinco versões de um dos maiores clássicos da ficção científica, box com três blu-rays de Blade Runner acaba de ser lançado no Brasil.

Lançado nos cinemas em 1982, Blade Runner – O Caçador de Androides, de Ridley Scott, resiste, firme e forte, como um dos grandes filmes da ficção científica da história – embora não tenha sido bem recebido em sua estreia, nem pelo público, nem pela crítica.

De lá para cá, nada menos que cinco versões do filme vieram a público – a mais recente, uma cópia “de trabalho” (workprint), exibida em testes antes da estreia. Todas elas aparecem reunidas no box em blu-ray que acaba de sair no Brasil (via Warner Home Video), em comemoração aos 30 anos do filme (celebrados em 2012).

O box traz três discos e dois mimos: uma foto holográfica e um pequeno livreto com fotos e desenhos de pré-produção.

O conteúdo é muito parecido com o box em DVD lançado anteriormente, com a rara versão workprint como novidade (ela já havia sido lançada em um estojo quíntuplo, importado).

Estão lá a versão final, de 2007, junto com a versão original de cinema (1982), a versão internacional de 1982 e a chamada "versão do diretor", lançada em 1991 (veja box nesta página), além da versão teste, completamente restaurada.

Com exceção da versão final e a teste, as demais não trazem qualquer legenda ou dublagem em português, portanto, nada de se livrar da sua caixa em DVD, já que lá as quatro versões possuem legendas.

Obviamente, o que motiva o fã a correr atrás da nova caixa é o tratamento de imagem que foi dado às cinco versões, sobretudo à versão final – considerada “o” Blade Runner de fato. Além de um tratamento caprichadíssimo na imagem e no som (restaurado em 4K, é um dos poucos blu-rays a ganhar 5 estrelas no site especializado Blu-ray.com), uma série de falhas e erros de continuidade foi corrigida, dando o acabamento final que Ridley Scott sempre sonhara.

Grande filme noir ambientado no futuro (hoje não tão distante) de 2019, O Caçador de Androides narra a história do policial aposentado Rick Deckard (Harrison Ford), que se vê obrigado a retomar sua atividade de caça-replicantes (clones humanos espertos e fortes) quando um grupo rebelde e perigoso foge do controle.

A história, baseada no livro Do Androids Dream of Electric Sheep (lançado no Brasil, depois do filme, com o nome de O Caçador de Androids), do escritor norte-americano Philip K. Dick (1928-1982), ganhou uma legião de cultuadores a partir de suas exibições a meia-noite (nos EUA) e graças a sua distribuição em VHS (em todo o mundo) e seu visual ciberpunk veio a influenciar toda uma estética na arte.

Um dos grandes méritos do box em blu-ray é preservar boa parte da tonelada de extras da edição quíntupla americana, entre eles o ótimo documentário Dias Perigosos – Realizando Blade Runner (2007), de mais de três horas de duração, devidamente legendado em português. O preço médio da embalagem é de R$ 129,00.
 

Conheça as cinco versões de Blade Runner

 Versão original para o cinema (1982): Depois de uma conturbada produção, os produtores do filme tomaram as rédeas, impuseram a Harrison Ford uma narração em off (não prevista no contrato do ator) e salpicaram um final feliz entre o Deckard  (Ford) e a replicante Rachael (Sean Young), com direito a sobras de filmagem de ‘O Iluminado’ (1980), de Stanley Kubrick.

Versão internacional para o cinema (1982): Em alguns países, a cópia exibida de ‘Blade Runner’ continha três cenas deletadas nas exibições dos EUA: a que o replicante Roy (Rurger Hauer) perfulha os olhos de seu criador; a que a replicante Pris (Daryl Hannah) arrasta o policial Deckard pelas narinas e a que mostra a mão de Roy sendo perfurada por um prego.

Versão do diretor (1992): No final dos anos 1980, funcionários da Warner encontraram uma outra versão do filme, que seria a versão que Ridley Scott havia concebido originalmente. Mesmo sem a expressa aprovação do diretor, o estúdio relançou o filme nos cinemas com uma cena inédita (a do unicórnio, que chegou-se a pensar que teria saído do filme seguinte de Scott, ‘A Lenda’), um outro final – mais sombrio – e sem a narração em off.

Versão final (2007): Em 2002, o produtor Charles de Lauzirika convenceu Ridley Scott a botar um ponto final em tantas versões. Daí surgiu a versão final, que começou a ser trabalhada, para valer, em 2005 e lançada em 2007. Para essa versão, além de uma considerável melhora de imagem e som, o diretor teve a oportunidade de corrigir uma série de falhas e erros de continuidade.

Vesão workprint (teste): – Esta quinta versão do filme, raríssima, está presente nas edições especiais americanas dos DVDs. Se trata de um copião exibido em sessões internas da Warner e em sessões para testar a receptividade do público. Tem uma sequência de abertura diferente, uma narração em off alternativa e apenas em algumas cenas (como indicava o roteiro original) e parte da trilha sonora ainda era a provisória.