Macunaíma em imagens

Grupo Boiúna Luna, apresenta nesta quinta-feira (16) em apresentação única, ‘Macunaíma, Imagens de um Herói Sem Nenhum Caráter’.

O herói sem nenhum caráter está de volta, desta vez no teatro. O personagem de Mário de Andrade é o centro de Macunaíma, Imagens de um Herói Sem Nenhum Caráter, montagem de estreia do grupo teatral Boiúna Luna. A peça tem única apresentação hoje, às 20h, no Teatro Santa Roza, em João Pessoa.

Fundado em 2011, o Boiúna Luna está desde o ano passado debruçado sobre o texto que já foi adaptado para o cinema em 1969, por Joaquim Pedro de Andrade. A ideia, como está expresso no título, é fazer um espetáculo eminentemente imagético, com muitos movimentos, quase nenhum diálogo.

"Procuramos estabelecer uma relação simbólica entre a nossa realidade e a realidade descrita por Mário de Andrade", diz Osvaldo Anzolin, diretor artístico do grupo.

Anzolin foi buscar na universidade atores interessados em trabalhar a linguagem teatral, não necessariamente nas cadeiras do Curso de Teatro. "O grupo é bastante heterogêneo: há desde atores formados e mais experientes como alunos de outros cursos", conta o diretor do Boiúna.

Segundo ele, trabalhar com amadores, egressos de outras áreas, é algo positivo: "Muitos atores experientes têm alguns vícios no palco. Neste sentido, é bem mais interessante trabalhar com pessoas de diversas artes, pois você consegue tirar mais coisas dela, utilizar o teatro como ferramenta pedagógica, ensinando mais que atuar".

O caráter visual da encenação inspira-se no circo e nas artes plásticas: "Nossa proposta é não convencional e completamente física", explica Anzolin. "Tem um pouco de acrobacia e de artes visuais. Tenho estudado vários teóricos das artes, como Rudolf Arnheim".

O autor alemão, da corrente filosófica behaviorista, emigrou para os EUA quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial. Foi professor de Psicologia da Arte em Harvard e tem como principal obra Arte e Percepção Visual (1945).

Dela, Anzolin importou o conceito de que as imagens, não as palavras, são o elemento constitutivo primário do pensamento. Por isso a valorização do corpóreo em detrimento do verbal na peça.

Em cena, são 19 atores comandados por Anzolin, que divide os bastidores com Samyr Rathge (direção musical e trilha original), Karine Ordônio (assistência), João Maciel Filho (desenho de luz) e Hellen Taynan (sonoplastia).