Marco Di Aurelio produz registros culturais

Tabalho é independente, sem financiamento. Marco di Aurélio, que assina fotografia, edição, produção e direção, conta apenas com a assistência de amigos e da esposa.

Artistas como Osmando Silva e Baixinho dos 8 Baixos não precisam de resgate. Eles estão firmes e trabalham forte nas cidades de Monteiro e Serra Branca, Cariri paraibano. O objetivo deles é um só: viver e ser reconhecido pela arte que produzem. Um passo nesse rumo é o projeto ‘Tesouros do Cariri’, do poeta e ator nordestino Marco di Aurélio.

Em vídeos que têm em média 20 minutos de duração e que ele prefere chamar de "registros culturais", os atores desse nordeste invisível e desconhecido contam as suas histórias. Mais do que um anônimo que busca chegar ao alto de uma torre de marfim, os relatos são acompanhados da região/clima/lugar que forjam o homem, seus laços familiares e comentários dos pequenos grupos mais próximos de admiradores entusiastas.

Segundo Marco, o projeto nasceu da observação. "Faz uns dez anos que eu conheço o cariri e percebi que tem uma efervescência muito grande a cultura lá. Tanto o paraibano quanto o pernambucano têm uma poesia forte. Quando descobri isso minha vida virou", disse.

Além disso, o poeta acredita que "o Cariri é muito rico na sua fauna e flora, mostra morte e vida todos os anos e isso traz muito sentimento", diz.

O trabalho é feito de forma independente, sem financiamento. Marco di Aurélio, que assina fotografia, edição, produção e direção, conta apenas com a assistência de amigos e da esposa, Roseli Ferreira, nas viagens.

"Acho a ideia de registro cultural mais abrangente. Pois entendo que documentário tem a ver com aquilo que se apanha ao acontecer, e não quando se provoca um acontecer. A ideia com esse material é que os ‘tesouros’ possam ser transpostos para outros locais", explica Marco.

Os vídeos são transmitidos no estado pela TV Assembleia. A meta é que seja produzido um registro por mês. Dois registros já saíram. A terceira história já foi gravada e sobre a professora de história Estelita Antonino, também de Serra Branca. "Aquele tipo de gente que foi professor de todo mundo na cidade", explica Marco di Aurélio.

Ao que parece, os personagens são pessoas que, acima de tudo, têm orgulho da região onde vivem, mas que mantêm uma relação de amor correspondido em proporção diferente e desfavorável.

Mais dois nomes da região já estão elencados e devem protagonizar os próximos trabalhos. O forrozeiro Júnior Cordeiro, natural de São João do Carriri, e que atualmente vive em Campina Grande, além do maestro Roberto Araújo, também de Serra Branca, que faz parte do grupo musical “Harmorial Cordas de Caruá”.