Marcos Caruso é puro entusiasmo com papel em novela

De volta a uma novela de João Emanuel Carneiro, que o presenteou em 2012 com o personagem Leleco, o grande malandro beleza de Avenida Brasil, Marcos Caruso é  puro entusiasmo ao dar vida ao bom vivant decadente, superfamília, Feliciano, em A Regra do Jogo. “Depois do sucesso do Leleco, fiz o político Juracy Bandeira de O Canto da Sereia, O Carvalho em A Grande Família e o Arlindo Pacheco Leão de  Joia Rara, todos em 2013, mas o povo continua me chamando de Leleco. Mas acho que agora, com o boa praça Feliciano, vão deixar o Leleco descançar”, diz, aos risos, o ator de 63 anos.

Em comum com o divertido Leleco, o novo personagem tem muita coisa. Longe das sinucas da zona norte carioca, onde era ambientada a novela de 2012, ele é agora um bon vivant pertencente à estirpe de velhos playboys que ainda circulam pela zona sul da cidade. Sem muito dinheiro, mas de alma leve como uma pluma, ele perde o sossego quando é obrigado a hospedar toda a família numa cobertura, o único bem que lhe restou do tempo em que era rico. “Tanto Feliciano quanto o Leleco são gente do bem, e são patriarcas de uma numerosa família. Estou novamente no núcleo de humor , com direito às refeições atribuladas que fizeram tanto sucesso em Avenida Brasil. Feliciano tem três filhos: Vavá (Marcello Novaes), Dalila (Alexandra Richter) e Úrsula (Júlia Rabello)- que é casada com Duda (Giselle Batista). E avô de Luana (Giovanna Lancelotti) e Kim (Felipe Roque), filhos de Dalila. É um barato! A casa dele é uma farra. Tem os filhos com seus cônjuges, os netos e uma fiel escudeira dele, a empregada. Apesar de estar sem dinheiro, o ex-rico leva a vida com leveza e se alegra em ter os parentes reunidos em sua casa. É um cara positivo. E Feliciano continua com a pose de quando era cheio da grana. Se veste impecavelmente e mantém a pompa”, destaca.

Bem diferente do playboy da velha guarda, que não é muito chegado a trabalho, e mesmo que a vida tenha sido generosa com ele, nunca soube administrar seus bens, por isso que da riqueza do passado só lhe restou a cobertura decadente no bairro do Flamengo, Marcos Caruso é um obstinado por trabalho. Além de ser ator, ele é autor e diretor. Autor de novelas, peças teatrais e roteiros para cinema. Diretor de teatro e televisão. Ele não para nunca! Atualmente com o tempo curto, por conta das gravações da novela, o ator ainda concilia na agenda cheia a direção da peça Selfie e o lançamento do longa que acaba de entrar no circuito nacional Operações de Risco. “Sempre trabalhei muito. Amo o que faço! No início da carreira fiz até papel de mosquito…(risos) Colocaram um bico gigante em mim e eu fiquei batendo asas sem parar (risos) Mas isso foi uma prova da minha obstinação. Meu pai insistia para eu me formar em advocacia, mas eu retrucava que seria ator. Me formei em Direito mas virei artista”, relembra ele, que foi casado, durante vinte anos, com a atriz Jussara Freire, mãe dos seus dois filhos: Caetano Caruso e Mari Caruso.

No longa Operações especiais, de Tomás Portella, Caruso vive o delegado 100% ficha limpa, o  Paulo Fróes, que tem a missão de comandar uma força-tarefa a fim de combater a criminalidade no local. “ No filme, o aumento da violência após a criação das UPPs faz com que o governo crie uma força-tarefa de policias incorruptíveis para atuar na cidade fictícia de São Judas do Livramento, no interior do Rio.

Detesto violência, odeio armas, mas a história serve para mostrar que há esperança de um mundo melhor. Me preparei à beça para fazer o delegado. Aprendi a pegar em armas, manejar…É difícil pacas!”, conta o ator, que aguarda o lançamento para janeiro de 2016 de outro longa policial,  O Escaravelho do Diabo. No filme de Carlo Milani, uma série de crimes contra pessoas ruivas assusta uma cidade do interior. Após a morte de seu irmão, Foguinho, Alberto, garoto de 13 anos, decide investigar o que está acontecendo e conta com a ajuda do experiente, porém esquecido, inspetor Pimentel, interpretado por Caruso. “ É sempre um desafio gostoso interpretar tipos tão diferentes de mim. Sou um cara doce, pacifista, tranquilo… Trabalhar com a violência é um paradoxo e tanto. Mas é nas diferenças que se aprende muito”, ensina.