Morre Gore Vidal

Com uma obra de cunho político e religioso, escritor norte-americano Gore Vidal morreu em Los Angeles, nesta terça-feira (31) aos 86 anos.

Morreu nesta terça-feira, aos 86 anos, em sua casa em Los Angeles (EUA), o escritor norte-americano Gore Vidal.

Autor de livros como Paris Está em Chamas? (1952), adaptado para o ecrã em 1966, Vidal marcou trajetória na literatura, no cinema e no teatro, com uma obra de cunho político e religioso, apimentada por um indefectível tom de sátira.

Primo do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, e meio-irmão de Jacqueline Kennedy, tentou emplacar por diversas vezes na política, chegando perto do posto de congressista em 1982 (quando quase foi eleito senador da California com mais de 500 mil votos).

Contemporâneo de intelectuais como Norman Mailer (com quem trocou agressões em acalourados debates na televisão), o escritor tinha temperamento forte e arredio, bastante em evidência recentemente por suas críticas ferrenhas ao governo Bush (que considerava "o homem mais estúpio dos Estados Unidos").

Assumidamente bissexual, ficou conhecido na sétima arte, paradoxalmente, por ser o responsável por amenizar o caráter homoafetivo do roteiro de Ben-Hur (1959) a pedido do diretor William Wyler, que queria no elenco o ator Charlton Heston, estereótipo do ‘machão’ da época.

Filho de um oficial do Exército, nasceu nas dependências da Academia Militar de West Point e serviu às fileiras da corporação na Segunda Guerra Mundial. Na batalha de Iwo Jima (Japão), perdeu quem era, segundo ele, o "amor de sua vida": o atleta Jimmy Trimble, a quem dedica A Cidade e o Pilar (1948).

Candidato permanente ao Nobel de Literatura, em vida, escreveu ao todo 25 romances, além de ensaios, roteiros para a televisão, cinema, e peças com reconhecimento público na Broadway.

A morte foi informada pelo seu sobrinho Burr Steers ao jornal Los Angeles Times. Segundo o familiar, a morte veio em decorrência às complicações de uma pneumonia.