Só pela árvore genealógica, Alice Caymmi já estaria bons passos avante na corrida das novas cantoras brasileiras rumo a um lugar ao Sol.
Acontece que, além desse atrativo óbvio, a moça de apenas 22 anos é dona de uma voz arrebatadora.
Quente e grave, seu timbre lembra muito o da tia Nana.
“Sou muito feliz com essa semelhança, com a voz que herdei”, diz. “No começo, eu imitava muito a minha tia. Hoje, luto para não imitá-la. Ficaria caricatural.”
Depois de participar, como cantora, de trabalhos do pai e, como compositora, de disco da própria Nana, Alice estreia com álbum homônimo, basicamente autoral. As exceções são “Sargaço Mar”, do avô Dorival (erroneamente creditada a ela no encarte do CD), e “Unravel”, de Björk.
“Componho desde os dez anos. É ato contínuo, como se estivesse fazendo um ‘querido diário’”, diz.
Sua ideia era lançar um EP de sete canções. Mas, por insistência de seu produtor, Flávio Mendes, colocou mais três faixas na última hora.
Essas têm sonoridade mais contemporânea. As demais, no entanto, denotam influência de alguns dos primeiros discos independentes do país, como o primeiro “Boca Livre” (1979) e “Cheiro Verde” (1977), de… Danilo Caymmi. “Certeza! ‘Cheiro Verde’ é a maior influência da minha vida.”
