Nevermind: obra-prima do Nirvana faz 20 anos

Paraibanos lembram da chegada do seminal disco de rock às lojas de João Pessoa.

André Cananéa

Em 1991 não havia internet. Não da maneira que a gente tem hoje, em casa ou no celular. A MTV havia acabado de chegar ao Brasil e o CD era praticamente um objeto não identificado para a maioria dos brasileiros. Se por essa época, você era um garoto que gostava de rock, a única maneira de ficar conhecendo as novidades era através das fitas cassete que os amigos gravam para você. Ou então lendo a Bizz.

“Ou ouvindo o Novas Tendências”, completa Robério Rodrigues, dono da Música Urbana, que nem existia na época. Ele se refere ao programa da extinta rádio Cidade, que apresentava as novidades no mundo da música pop. Foi graças ao programa que Robério ouviu pela primeira vez “Smells like teen spirit”, o hit que catapultou Nevermind, segundo disco da banda americana Nirvana, ao panteão dos grandes álbuns de rock da história.

Esta semana, faz 20 anos que Nevermind chegou às lojas dos Estados Unidos. De lá para cá, nenhum outro álbum de rock foi tão lembrado, festejado e endeusado como ele. Foi o disco que abriu as portas da indústria para a cena indie e transformou a banda, formada na pequena cidade de Aberdeen, ali, perto de Seattle, em ícone de uma geração (e de quebrar promover uma cena roqueira batizada de ‘grunge’).

Nevermind não transformou o Nirvana em um “blockbuster” da música pop apenas. Graças ao disco, as grandes gravadoras trouxeram para superfície uma série de bandas que estavam condenadas ao circuito das college radios, como Smashing Pumpkins, Radiohead e até o colega Pearl Jam.

SÓ O LP
Nevermind chegou às lojas americanas em 24 de setembro de 1991, tanto no velho LP quando no então moderno CD. No Brasil, aterrissou um pouco mais tarde e somente em vinil, em 2 de dezembro daquele ano. Nosso amigo Robério foi um dos primeiros a correr às lojas à procura do LP. “Lembro que quando ouvi ‘Smells like teen spirit’, corri para as (lojas) Americanas”, recorda.

Outro fã de rock que “teve um choque”, nas palavras dele, quando ouviu o hit do Nirvana foi Neto Porpino. “Corri para O Rei dos Discos, mas o vendedor lá nem sabia do que se tratava. Tive que pedir para um amigo encomendar o disco em João Pessoa, na Óliver Discos”, recorda.

O próprio Óliver recorda que Nevermind foi o primeiro grande lançamento que sacudiu sua loja, inaugurada poucos meses antes. Além dos LPs nacionais, a loja também tinha os cobiçados CDs importados, já que o CD nacional de Nevermind só chegaria às lojas em abril de 1993.

“Minha maior lembrança é que a gente tocou muito esse disco na loja. Muita gente comprou porque ouvia lá e perguntava: que som é esse? E eu respondia: é um grupo novo, Nirvana”, lembra Óliver.

REEDIÇÕES
Muito provavelmente, os 20 anos de um disco nunca foi tão celebrado quanto o de Nevermind. Além de tributos em CDs, shows e festas, estão chegando às lojas as costumeiras reedições, que incluem o o relançamento do álbum, remasterizado, em CD e vinil, contendo toneladas de faixas extras.

Nessa leva também sai o famoso show no teatro Paramount (de onde foi extraído o clipe de ‘Breed’). Gravado em 16 mm, a apresentação nunca chegou a ser lançada oficialmente, mas agora aparece em DVD e Blu-ray.

Boa parte dessas reedições (ver box ao lado) só será encontrada no exterior, mas a gravadora Universal confirmou ao JORNAL DA PARAÍBA que vai editar, no Brasil, a edição simples remasterizada, a edição dupla de luxo (com versões ao vivo, demo e lados b) e ainda o Live At The Paramount em DVD.