Neste mês, a editora paraibana Marca de Fantasia está lançando o álbum Amores Plurais: Quadrinhos e Homossexualidade (14 x 20 cm, 92 páginas, R$ 14,00), coletânea que reúne quadrinistas de várias partes do Brasil abordando várias expressões sobre o tema.
“É uma temática rica e ampla, que falta mercado editorial”, aponta Henrique Magalhães, organizador e editor da obra. “O que mostra muito potencial de uma nova geração que representa o que era tabu nas histórias em quadrinhos”.
De acordo com Magalhães, a seleção das HQs foi feita por quatro membros do Imaginário!, grupo de pesquisa ligado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPB. “A primeira observação na escolha foi a questão da temática, que deveria ser questionadora e não opressiva ou panfletária”, observa. “Também foi analisado a questão criativa, a clareza narrativa e a originalidade da história”.
Foram inscritos mais de 20 trabalhos de vários cantos do Brasil, como São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Ceará, Paraíba, Alagoas, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, além de outros países como Portugal e Argentina. Foram selecionados 15 HQs para a coletânea.
Amores Plurais abordando várias expressões da homossexualidade, como gays, ‘ursos’, lésbicas e transsexuais, sob o prisma dos seus problemas, conquistas e a afirmação.
“São quadrinhos bem diversificados”, frisa Henrique Magalhães. “Eu mesmo não sabia que existia um transsexual fazendo HQs, como a paulista Julie Albuquerque (com a personagem Camila)”.
O editor analisa que todos os selecionados trouxeram uma visão afirmativa da homossexualidade, alguns com crítica à homofobia, outros com poesia ou tom didático. “Alguns optaram por algo mais alegórico e metafórico com personagens do reino animal, como a história dos pernambucanos Leandro Santana (roteiro) e Adriano Araújo (arte), e a HQ de forma poética do paraibano Samuel Gois”.
Outros quadrinistas de destaque são o paraibano Shiko (O Quinze), a paulista Anita Costa Prado e o cearense Ronaldo Mendes, que apresentam mais uma história de Katita, premiada personagem que tem vários álbuns pela Marca de Fantasia, e a única presença além-mar com a lusitana Ana Ribeiro.
Mesmo apresentando quadrinhos com essa temática desde os anos 1980, com personagens como Macambira, Henrique afirma que essa abordagem é bem rara por aqui. “A Marca de Fantasia tem criado um nicho com essa temática. No Brasil, temos casos isolados, como o personagem Meia Oito de Angeli ou, vez por outra, uma tira do Adão Iturrusgarai”.
