Novas orações de Rita Lee

Cantora Rita Lee lança o disco ‘Reza’ com 14 canções; músico e marido da cantora é quem assina a produção do novo trabalho.

Apesar de se exilar espontaneamente dos palcos, fazendo do seu aniversário de 65 anos o último show em terras paraibanas, ocorrido na virada desse ano, em João Pessoa, a roqueira Rita Lee já estava a quase uma década sem lançar um disco de inéditas desde seu Balacobaco (2003).

O hiato foi calado com o lançamento de Reza (Biscoito Fino, R$ 26,00), disco com 14 ‘orações’ da artista paulista e do seu marido, o músico Roberto de Carvalho, que também assina a produção, as fotografias do encarte e alguns instrumentos como teclados, guitarras e baixo.

Recentemente, a cantora lançou o videoclipe da música que batiza seu novo trabalho e que também faz parte da trilha sonora da novela das oito da Rede Globo, Avenida Brasil.

“Dá uma baita segurança saber que Rob pilota a nave”, chegou a escrever sobre a parceria do seu novo álbum. “A sonoridade chique em cada uma das faixas se deve às orquestrações no painel ‘Logic’ do maestro do bom gosto e meu namorado há 35 anos Roberto Carvalho.”

Junta-se à dupla o DJ e produtor Apollo 9, que coloca uma levada mais eletrônica na Reza, evidenciada principalmente nos loops e programações de ‘Bixo grilo’.

MISCELÂNIA SONORA
O lado tropicalista (e global) é bem pulsante em Reza. "Esqueceu que antes de ter sido roqueira eu fui tropicalista? Desfilo sem pudores por qualquer avenida musical. O legado do Tropicalismo para mim foi este", reafirmou Rita Lee quando tocou pela última vez por aqui.

Na faixa de abertura do disco, uma inspiração religiosa e nordestina aparece logo de cara com a ‘Pistis Sophia’, música em que simula o canto das rezadeiras ao som da percussão de João Parahyba. De acordo com a cantora, ela foi gravada há 10 anos na sala de estar de sua casa. São também desta época ‘Bagdá’ (onde brinca com a sonoridade árabe), ‘Gororoba’ e ‘Bamboogiewoogie’. "Músicas sem o menor compromisso de nada com nada", chegou a escrever. "O santo que baixou em mim então é o mesmo que me Reza agora."

Rita Lee também revisita os anos 1960 no jogo de palavras italianas de ‘Tutti fuditti’, faixa que evoca na introdução o arranjo da cantora Rita Pavone, e os anos 1980 com ‘Divagando’, com as batidas eletrônicas do DJ Zegon.

A brincadeira sonora continua com a mistura de inglês e espanhol da visão dos gringos em ‘Paradise Brasil’. A miscelânia sonora do disco reflete a interatividade global no mundo.