O desabrochar de Júnior Almeida

Cantor Júnior Almeida lança seu novo trabalho ‘Memória da flor’; novo trabalho conta com a participação de Ney Matogrosso.

Em outubro de 2009, Ney Matogrosso encerrou a turnê Inclassificáveis (que passou por João Pessoa em agosto daquele ano) na cidade de Maceió (AL). Com três registros independentes gravados, Júnior Almeida era mais um dos vários artistas locais que foram até o camarim do ídolo presenteá-lo com seus CDs. Três semanas depois, o alagoano recebeu um telefonema inesperado. Era Ney em pessoa, que tinha acabado de gravar ‘A cor do desejo’ para o CD Beijo Bandido (2011).

"Entreguei meus discos para ele sem nenhuma expectativa", lembra Júnior Almeida, que acaba de lançar Memória da Flor (Universal Music, R$ 27,90), álbum que conta com a participação do hoje parceiro Ney Matogrosso na faixa-título. "A partir daí, a gente começou a ter uma relação, a conversar. Fui ao show de lançamento de Beijo Bandido no Rio e perguntei se ele gostaria de participar de meu novo projeto. Ele me provocou: se você fizer uma música de que eu goste, eu participo".

A provocação deu resultado. ‘Memória da flor’ não só agradou Ney como inspirou todo o álbum de 10 faixas com letras poéticas compostas por Almeida e por poetas amigos como José Silva Ferreira, que mandou a letra da canção por e-mail para ser incluída no CD.

"João Paulo mora em uma cidade daqui do interior, vive afastado e um amigo em comum me mandou o texto, que editei para fazer a música. Foi depois dela que saí compondo este repertório que fala muito sobre o processo de criação", diz Júnior Almeida, que também conta com a colaboração do poeta Fernando Fiúza, que assina as canções ‘Catarina’ e ‘Pequenas misérias’.

"Já ‘Pequenas misérias’ eu li no estúdio, em uma revistinha que tinha publicado o poema. A música veio com muita facilidade e tem uma força muito grande. Memória da Flor é um disco feito de parcerias, principalmente. Gosto muito de ler o trabalho dos outros, sou muito curioso. A internet facilita bastante as coisas, já que, sabendo dessa curiosidade, as pessoas me enviam muitas letras. Umas três ou quatro faixas do álbum surgiram desta forma", explica o cantor e compositor.

DUETOS
Além do dueto com Ney Matogrosso, Júnior Almeida divide os vocais com a cantora angolana radicada em Alagoas Irina Costa, que empresta seu timbre para ‘Tal sol, tal homem, tal maria’, cujo arranjo de viola ficou a cargo do músico Fernando Melo, do Duofel: "Irina tem um trabalho muito bonito e vive aqui há muito tempo, é bastante admirada. Fernando Melo é outra participação especialíssima", assinala.

Aproveitando o período que antecede o Carnaval para montar uma turnê que vai passar pelo Rio de Janeiro e por Minas Gerais, Júnior Almeida vai experimentando uma nova fase na carreira, segundo ele mais madura: "No meu caso, em particular, fui perseguindo uma possibilidade sonora nos três primeiros discos independentes e ela demorou a chegar, de forma que fui aprendendo a me organizar na feitura de um disco, que é um trabalho de equipe", conclui.

Com relação a Memória da Flor, ele se diz satisfeito: "É um disco que hoje eu escuto e sinto que cheguei ao meu objetivo". Apesar das apresentações agendadas para o Rio e para Minas, o artista ainda não tem esperança de chegar À Paraíba com o show: "Por incrível que pareça, é mais fácil chegar ao Rio que a João Pessoa. Este é um aspecto que poderia ser melhor visto pelos produtores e pelas instituições culturais, que poderiam criar um corredor de livre circulação artística na região. Em termos práticos, seria muito mais viável, já que é possível viajar até de carro".