Orixás dão outra versão para os fatos

Com nova montagem, performance ‘o Auto dos Orixás’ pode ser vista nesta terça-feira (20) no Ponto de Cem Réis.

Misto de ato público e espetáculo de dança e percussão africanas, o Auto dos Orixás terá nova montagem nesta terça-feira em João Pessoa: a performance, que ano passado reuniu mais de 100 artistas no Ponto de Cem Réis, poderá ser vista em versão atualizada hoje na praça, às 19h.

Dirigido mais uma vez por Elioenai Gomes, que assina o roteiro, figurino, cenografia e realização, o Auto dos Orixás pretende corrigir equívocos históricos na narração de um passado que, segundo Elioenai Gomes, construiu uma "visão de intolerância religiosa perpetuando arquétipos distorcidos".

"Recontamos a história do Brasil a partir da perspectiva dos negros, com uma ação afirmativa de identidade e diversidade", diz Elioenai, que também leva ao Ponto de Cem Réis uma instalação sobre o extermínio do povo africano que estará em exibição hoje pela manhã, das 7h às 11h.

Segundo o também produtor cultural, já existe uma lei em vigor que institui o ensino de história e cultura afro nas escolas. A Lei 10.639 data de janeiro de 2003: "Apesar de aprovada, a lei ainda é um dos grandes impasses nas escolas, que tem dificuldade em lidar com o preconceito", afirma Elioenai.

O ateliê que leva o nome do militante acaba de ser premiado pelo Ministério da Cultura (MinC) com o ‘Economia Criativa’: o projeto foi a proposta paraibana melhor classificada no edital, ficando na 26ª colocação.

O Auto dos Orixás reúne membros do Grupo Raízes, a cantora Débora Vieira e o Coral Voz Ativa, regido pelo maestro Luis Carlos Otávio. Autores da coreografia, Luciano e Luciana Peixoto comandam um corpo de baile formado pelo próprio Elioenai Gomes e mais 11 dançarinos que expressam em movimentos um ritual de passagem.