Basta dar uma olhada no calendário das produtoras de cinema brasileiras. Entre o final deste ano e o início do próximo, as principais estreias nacionais são de um gênero que, desde Linduarte Noronha, a Paraíba já provou dominar: o documentário.
Entre os longas de mestres como Eduardo Coutinho (em cartaz em João Pessoa com As Canções), destacam-se títulos dos irmãos paraibanos Vladimir e Walter Carvalho (presenças ilustres do Fest Aruanda, esta semana) e do conterrâneo José Joffily (cujo Prova de Artista ainda não tem previsão de chegar às salas da capital).
Se a ficção não é uma tradição no estado, este quadro, aos poucos, começa a mudar. Os campinenses conferem isso hoje, às 10h30, no CineSercla Boulevard: pela manhã, antes de mais uma fornada de pipocas hollywoodianas ser degustada, os cinéfilos acompanham a estreia de Onde Borges Tudo Vê (Brasil, 2011), longa-metragem do diretor campinense Taciano Valério.
A produção tem no elenco Everaldo Pontes e, na equipe de produção, nomes que surgiram do caldeirão borbulhante do curso de Arte e Mídia da UFCG.
"Somos jovens que, depois de formados, migramos para
Pernambuco em busca de oportunidades e voltamos para imprimir um olhar mais aprimorado sobre o cinema, visando ao profissionalismo", afirma Davi Sobel, assistente de direção do filme.
"A Paraíba nunca vai ser uma referência na ficção enquanto o Poder Público não olhar com mais atenção para o nosso cinema", opina Sobel, que atualmente mora em Recife (PE) e destaca que, no estado vizinho, os incentivos à produção audiovisual giram em torno de milhões enquanto, na Paraíba, cifras bem mais modestas são investidas.
"Ficção precisa de dinheiro. Temos curtas de diretores paraibanos que circulam e, principalmente, vencem festivais nacionais, sendo feitos com orçamento reduzido. Imagine o que estes diretores não estariam fazendo com orçamento adequado", provoca.
Serviço
• Onde Borges tudo vê. Lançamento no CineSercla Boulevard ( Boulevard Shopping, Av. Brasília, s/n, Campina Grande), hoje, 10h30. Gratuito.
