Filme sobre Olavo de Carvalho é exibido no campus da UFCG

Evento tem clima de confronto entre grupos de esquerda e de direita.

Filme sobre Olavo de Carvalho é exibido no campus da UFCG
Filme sobre Carvalho tem gerado polêmica desde o lançamento

Polêmico e premiado. Resumidamente, é dessa forma que pode ser descrito o filme ‘O Jardim das Aflições’, documentário que fala da vida e da obra do filósofo Olavo de Carvalho, considerado por muitos como o ‘guru’ da direita brasileira. A produção não passou pelos cinemas da Paraíba, mas ‘estreia’ no estado nesta terça-feira (14) em uma exibição no campus da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). O evento integra um circuito que pretende passar por universidades públicas de todo o país e já gerou confusão em Pernambuco e na Bahia, incluindo troca de agressões entre seguidores do filósofo que acompanhavam o filme e movimentos de esquerda .

‘O Jardim das Aflições’ é dirigido pelo pernambucano Josias Teófilo e pega emprestado o título de um dos livros de Olavo de Carvalho. O filme é gravado nos Estados Unidos, onde o filósofo conservador vive. A produção foi realizada por uma campanha de financiamento coletivo. De acordo com os realizadores, foi a maior arrecadação do gênero no país, com R$ 315 mil doados por 2.800 pessoas.

O documentário está envolto em polêmicas desde o seu lançamento. Em maio, cineastas se revoltaram com a presença de ‘Jardim’ na programação do festival Cine PE, alegando que a seleção favorecia “grupos que financiaram o golpe ocorrido no Brasil em 2016”, fazendo referência ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Com isso, eles tiraram os filmes e a mostra foi adiada para o fim de junho. Quando o festival foi enfim realizado, a produção sobre Olavo foi escolhida como melhor filme, pelo júri especializado e pelo público. O longa também ganhou como melhor montagem.

‘O Jardim das Aflições’ vem sendo exibido desde outubro em universidades federais. Segundo os responsáveis pelo filme, eles não têm nenhuma ligação com esses eventos, que têm sido organizados por estudantes das instituições. No campus da UFCG, a exibição está marcada para 18h30 desta terça-feira no auditório do Centro de Extensão.

Uma das organizadoras do evento em Campina Grande, a estudante de Psicologia Waleska Rodrigues explica a ideia de levar o documentário sobre Carvalho para as univesidades. “Existe a hegemonia de pensamento de esquerda, não é permitido pensadores conservadores, a gente quer mudar isso. Com o filme de Olavo de Carvalho a gente viu a oportunidade de abrir as portas para o pensamento conservador nas universidades”, pontuou.

Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no final de outubro, a exibição terminou em troca de agressões fisícas. Já na Universidade Federal da Bahia (UFBA), nesta segunda-feira (13), o longa foi cancelado após um início de confusão. Existe o risco de algo parecido acontecer na UFCG, pois pessoas que não concordam com as ideias de Olavo de Carvalho, que chamam de ‘fascista’, marcaram um segundo evento para o mesmo horário do filme.

“Produzido por um lambe-botas dos Estados Unidos e dirigido por um coxinha que odeia o carnaval e tudo o que é popular, o filme é uma consequência direta do golpe de Estado dado contra Dilma Rousseff. Após o golpe, a burguesia tem levado o país a uma situação política cada vez mais instável. Como consequência, a extrema-direita tem sido cada vez mais impulsionada pelo imperialismo, de modo a tentar conter qualquer obstrução à sua política desastrosa”, diz o texto publicado no Facebook. A organização é de um grupo ligado à UFPE, que afirma não ter a intenção de censurar ‘O Jardim das Aflições’. “É necessário e urgente impedir, na prática, que a direita fascista ande pela UFCG intimidando os setores progressistas”, completa.

Para a estudante Waleska Rodrigues, o grupo contra o filme é que está tentando gerar intimidação. “A gente não vai desisitir do evento. Se acontecer de partirem para agressão fisíca, as pessoas vão se defender, mas a gente espera que consiga fazer a exibição do filme e que ocorra tudo na paz”, pontuou. Segundo ela, existe uma expectativa de público de mais de 300 pessoas no auditório da UFCG.

Procurado pelo JORNAL DA PARAÍBA, o coordenador do Centro de Extensão da UFCG, Horácio Lima, confirmou que o auditório está reservado para a exibição do filme. Indagado se teria algum tipo de reforço com segurança no campus, ele disse que não, pois, a princípio, não existia nenhuma preocupação com possíveis atos de violência.

A produção do filme divulgou um comunicado nas redes sociais, após a confusão na UFPE, onde se exime de responsabilidade sobre as exibições nas universidades e reprova qualquer ato de hostilidade, seja de grupos de direita ou de esquerda. “Destacamos que, de nossa parte, esperamos que todas as exibições sejam feitas com a devida autorização da universidade, priorizando a segurança do local e o bom andamento do evento, e com segurança provida pela própria universidade”.

Por outro lado, Olavo de Carvalho também se posicionou sobre o assunto, mas colocando ‘lenha na fogueira’. “No filme ‘O Jardim das Aflições’ não há uma cena, uma palavra que possa ferir a sensibilidade de um esquerdista normal (se algum existe ainda)”, declarou.

Além da UFCG, o circuto de ‘Jardim’ nas universidades também deve passar pelo campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em João Pessoa. A exibição chegou a ser marcada para o dia 28 de novembro, mas foi adiada e ainda não tem uma nova data, segundo os organizadores.