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CULTURA

'Bohemian Rhapsody': Rami Malek salva biografia morna de Freddie Mercury

Paixão que falta ao roteiro e direção sobra no protagonista.

Publicado em 01/11/2018 às 19:36 | Atualizado em 02/11/2018 às 9:59


				
					'Bohemian Rhapsody': Rami Malek salva biografia morna de Freddie Mercury
Bohemian Rhapsody tem muitos erros e alguns acertos - mas a atuação de Rami Malek faz o filme valer a pena..

RESENHA DA REDAÇÃOBOHEMIAN RHAPSODY (EUA, Reino Unido, 2018, 134 min.)

Direção: Bryan Singer

Elenco: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee, Ben Hardy

★★★☆☆

Freddie Mercury sabia entreter como ninguém. Se, para ele, a vida era um palco, nada mais natural do que um filme igualmente extravagante e sonoro para contar a história sua vida - pelo menos é essa a intenção de Bohemian Rhapsody, longa que estreia nesta quinta-feira (1º) nos cinemas da Paraíba; embora o filme perceptivelmente alcance menos sucesso do que Freddie em sua empreitada.

A cinebiografia começa nos anos 1970, quando Freddie (um inspirado Rami Malek) era conhecido apenas como Farrokh Bulsara, um jovem parse que trabalhava no aeroporto de Heathrow, em Londres. Inconformado com seu estilo de vida simples e com a família ordinária e religiosa, Farrokh frequenta bares e festas à noite como forma de escapar da realidade. É em uma dessas saídas que ele acaba conhecendo os membros da Smile, banda conhecida como a predecessora do Queen.

É a partir deste momento, logo no início, que Bohemian Rhapsody escancara seu maior problema: o desinteresse com a história que conta. Da formação do Queen ao lançamento do álbum, da composição da música-título às primeiras turnês, tudo é extremamente cortado, editado (e mal editado em certos momentos, com cortes desnecessariamente abruptos) e compactado. Quando a banda sai em turnê pela primeira vez, por exemplo, uma série de letreiros indica as cidades visitadas; claro que não se esperava que todo e cada show fosse retratado, mas perde-se, na trama, a sensação de evento no sentido literal do termo - de História sendo construída - em favor de nomes de cidades que nada indicam.

>>> Confira os filmes em cartaz nos cinemas da Paraíba nesta semana

A impressão que fica é de que estamos vendo não a formação de uma das bandas de rock mais bem-sucedidas da História, mas um filme de Sessão da Tarde sobre quatro rebeldes sem causa que decidem fazer música com um vocalista excêntrico. Talvez o Queen seja, em suas raízes, exatamente isso; mas o filme (e a direção sem inspiração de Bryan Singer) faz os acontecimentos iniciais da banda soarem extremamente desinteressantes e anticlimáticos. Como consequência, o roteiro torna-se episódico, e uma série de pulos narrativos desconstrói a ideia de evolução do grupo.

Enquanto o nascimento e a consagração do Queen predominam na primeira metade, os dois últimos terços de Bohemian Rhapsody se voltam mais diretamente para a conturbada vida pessoal de Freddie Mercury - e é justamente neste ponto que o filme sai da sua apatia e ganha certo fôlego. A relação entre Freddie e Mary Austin (Lucy Boyton), o grande amor de sua vida (para quem o cantor compôs Love of my life) é retratada de maneira suficientemente complexa, e a amizade que perdura entre ambos após a aceitação da bissexualidade de Freddie é um elemento emocional explorado durante todo o filme.

Paralelamente, os conflitos entre os membros da banda e a instabilidade de Freddie vão se aguçando à medida que ele se aproxima de Paul Prenter (Allen Leech), que gerenciava sua carreira. Fãs e críticos já apontaram os diversos erros históricos do longa, e um deles é pintar Paul como um vilão completo. Paul Prenter de fato revelou a sexualidade de Mercury sem a permissão do cantor - o que todos concordam que é de uma baixeza monumental -, mas, conforme biógrafos e pessoas próximas à banda, ele não trabalhou ativamente para a separação do Queen. Bem, não é próximo à realidade, mas todo filme precisa de um vilão para entreter.

Apesar dos aspectos pessoais da vida de Freddie envolverem o espectador emocionalmente, Bohemian Rhapsody assume um tom bastante moralista com relação à homossexualidade do astro. Mercury é retratado como a ovelha negra da banda, a criança mimada que faz o que quer enquanto os outros colegas o julgam do alto de suas responsabilidades. Ele é o único que, sem mulher, filhos ou responsabilidades, forçosamente se entrega a uma vida de hedonismo e prazeres baixos que, tcharam!, acabam lhe rendendo o vírus HIV. No filme, a sexualidade de Mercury é a causa de sua solidão e infelicidade - quando, na realidade, o cantor se orgulhava de seus excessos e de seu desprendimento.


				
					'Bohemian Rhapsody': Rami Malek salva biografia morna de Freddie Mercury
Rami Malek como Freddie Mercury..

Bohemian Rhapsody promete uma coletânea de grande sucessos; mas, com todos esses sucessos, acaba entregando um medley. Existem, como já foi dito, momentos de fato emocionantes e que atingem notas tão altas quanto a voz de Freddie, mas eles se desvanecem rapidamente.

O que faz o filme realmente valer a pena é a atuação de Rami Malek como o protagonista. Em muitas cenas idêntico ao vocalista do Queen, Malek consegue incorporar os maneirismos, a postura e até a voz de Mercury com excelência. Sua entrega ao papel é tocante, ainda mais quando se tem em mente o histórico de problemas que o filme passou até sair do papel (Freddie Mercury seria vivido, em fases anteriores de produção, por Sacha Baron Cohen e Ben Whishaw). A sequência que reconstrói a história apresentação do Queen, embora seja um tanto brega, faz arrepiar pela intensidade da atuação de Malek. Não é por acaso que a menção à atuação de Malek veio apenas ao final do texto: a presença do ator acaba valendo o ingresso.

Bohemian Rhapsody entretém medianamente e ainda oferece um mix das maiores canções do Queen, mas sofre com uma falta de vigor contraditória para a história que conta. Todos os outros personagens, além do protagonista (e com exceção de Mary Austin) são esquecíveis e planos, mas isso é até justificável considerando o brilhantismo da atuação de Rami Malek. Freddie Mercury merecia, de fato, uma homenagem mais apaixonada e menos moralista - mas, por enquanto, é isso que temos.

Imagem

Marcelo Lima

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