Wilson Braga, a propósito de perseguidores e republicanos

Nunca fui braguista.

Não fui eleitor de Wilson Braga.

Não o tinha, digamos, entre os políticos da minha afeição.

Mas quero dar um depoimento.

É bem pessoal.

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Em 1982, eu tinha 23 anos e trabalhava em A União e na Secom do Estado.

Era o ano da retomada das eleições diretas para governador (na Paraíba, o último governador eleito pelo voto popular fora João Agripino, em 1965).

A disputa, pra valer, se dava entre Wilson Braga, do PDS, e Antônio Mariz, do PMDB.

Derly Pereira, do novíssimo PT, não tinha qualquer chance.

Nas redações de A União e da Secom, todos sabiam que eu não votava em Wilson Braga.

Mais: fiz parte do grupo de jornalistas, artistas e intelectuais que assinaram um manifesto em apoio ao candidato do PT, publicado nos jornais impressos. Fazíamos – certos ou errados – uma aposta política no futuro.

Wilson Braga venceu a eleição com 150 mil votos sobre Antônio Mariz.

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Decidi sair de A União e ficar só na Secom. O salário era ótimo, e eu precisava terminar o curso de jornalismo.

O novo governo começou no dia 15 de março de 1983.

O jornalista Luiz Augusto Crispim assumiu a Secretaria de Comunicação.

Fui mantido onde estava.

Dava expediente na redação da Secom, frequentava o Palácio da Redenção e, embora não fosse repórter, mas redator, era convocado por Crispim para algumas coberturas culturais do interesse dele e, eventualmente, escalado para acompanhar o governador (uma reunião da Sudene, uma solenidade no Grupamento de Engenharia, etc.).

Perseguição? Nenhuma.

Questionamento sobre o meu voto? Nunca.

Mais tarde, quando Arlindo Almeida (um braguista de carteirinha) assumiu a editoria de A União, fui colocado à disposição do jornal. Arlindo me queria na sua equipe.

Fui chefe de reportagem e depois editor interino.

Nessa minha passagem por A União, conheci o executivo Aloísio Moura, que acabou me levando para a TV Cabo Branco, comandada, em seus primeiros momentos, pelo grupo político de Wilson Braga.

Também durante o governo de Wilson, integrei a Comissão Executiva do IV Centenário, cuidando da parte de música. Quem estava à frente da comissão era o historiador José Octávio de Arruda Mello.

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As opiniões que tenho sobre Wilson Braga passam, necessariamente, pela experiência que tive enquanto ele foi governador.

Aos críticos dele, gosto de dar esse depoimento.

É uma pequena história que, projetada sobre outros tempos e outros governos, remete aos que são natural e lamentavelmente perseguidores quando estão no poder.

Aqueles que, embora encham a boca para dizer que são republicanos, disso, nada têm.