Será que, na França, Macron vai sair, e Le Pen vai entrar? E nós, no Brasil, ficaremos com a democracia ou com a barbárie?

Será que, na França, Macron vai sair, e Le Pen vai entrar? E nós, no Brasil, ficaremos com a democracia ou com a barbárie?

Como em 2017, Macron e Le Pen voltam a disputar as eleições na França agora em 2022. Centro versus extrema direita. Acredito que, há cinco anos, ao eleger Macron, a França deu uma lição ao mundo. Naquela época, eu já temia que, no Brasil, Bolsonaro viesse a ser o próximo presidente, mas quase ninguém queria acreditar nessa possibilidade.

Quando Macron foi eleito, no Brasil estávamos a um ano e cinco meses das eleições de 2018. Agora, quando a França realizar seu segundo turno, estaremos a apenas pouco mais de cinco meses.

Em 2017, a propósito das eleições francesas e querendo tirar delas alguma lição para as eleições brasileiras no ano seguinte, escrevi dois textos que ainda guardam alguma atualidade neste 2022 em que vamos escolher entre a manutenção da barbárie ou a reconstrução do jogo democrático.

Gostaria que vocês lessem. Por isso, os trago de volta na coluna desta terça-feira (12).

Eis o primeiro texto: 

Testemunhei recentemente uma conversa curiosa entre um petista e um não petista.

Falavam de cenários para 2018.

O petista perguntou ao não petista:

Se for Lula e Bolsonaro, você vota em quem?

E o não petista respondeu:

Em Lula, ora!

Aí foi a vez do não petista perguntar ao petista:

E se for um candidato de centro e Bolsonaro, você vota em quem?

E o petista respondeu:

Claro que voto nulo!

Neste domingo, enquanto acompanhava a eleição na França, lembrei da conversa.

A expressiva vitória de Emmanuel Macron sobre Marine Le Pen é um não categórico à direita mais atrasada que avança pelo mundo.

Seis meses atrás, os americanos, elegendo Donald Trump, não deram a resposta que os franceses deram neste domingo.

Ainda que Macron não seja o melhor, mas o menos ruim, venceu a França da República, da Democracia.

Em 2018, que lição o Brasil poderá tirar da derrota da direita na eleição da França?

A conversa que testemunhei entre um petista e um não petista aponta para a tremenda dificuldade que ainda temos de assimilar lições como a da França.

*****

Agora, o segundo texto:

Igualdade, fraternidade, liberdade!

Aprendi logo cedo como algo que remetia à França. Como contribuição da França ao mundo.

Em casa, acho que ouvi a Marselhesa antes de, na escola, saber da Revolução Francesa. Para mim, é o mais belo de todos os hinos nacionais.

Ainda hoje, encho os olhos de lágrimas na cena de Casablanca em que a Marselhesa se sobrepõe ao canto dos nazistas.

Com aquele “viva a França, viva a democracia!” do final da sequência.

Vamos ver?

A França e seus legados.

Balzac, Hugo, Sartre e Simone, Camus, Renoir, Godard, Truffaut, Debussy, Ravel, Bardot, Moreau, Delon, Piaf, Aznavour. A Resistência. A Nouvelle Vague. O maio de 68.

Neste domingo, os franceses estão indo às urnas.

Divididos entre o centro (Macron) e a extrema direita (Le Pen).

As eleições na França não têm a ver somente com o destino dos franceses. Nem da União Europeia.

As eleições na França falam alto ao mundo sobre o recrudescimento das forças de extrema direita.