A “morte” e a “ressurreição” de Geraldo Vandré, que chega hoje aos 85 anos

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O paraibano de João Pessoa Geraldo Vandré foi um dos protagonistas da era dos festivais, sobretudo em dois momentos.

Em 1966, quando Disparada (parceria com Théo de Barros) dividiu com A Banda, de Chico Buarque, o primeiro prêmio do II Festival de MPB da TV Record.

E em 1968, quando Caminhando perdeu para Sabiá (de Chico e Tom Jobim), mas foi a preferida pelo público que lotava o Maracanãzinho na final do FIC, realizado pela TV Globo.

Explícito chamado à luta armada, Caminhando virou hino contra a ditadura, foi censurada, e Vandré, para não ser preso, teve que fugir do país após a decretação do AI-5, em dezembro daquele ano.

Para o público que o ovacionava, Geraldo Vandré “morreu” naquela noite da final do FIC.

Seu retorno ao Brasil, nos anos 1970, se deu em circunstâncias nunca explicadas, sobretudo por causa de uma surpreendente simpatia pelos militares.

O homem que levantou a esquerda com uma canção não queria mais ser reconhecido como Geraldo Vandré.

Era Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, o advogado.

Músicas, discos, shows – tudo fora banido da sua vida.

Em 2014, Vandré subiu ao palco num show de Joan Baez, em São Paulo. A musa da canção de protesto americana dos anos 1960 cantou Caminhando, mas seu autor ficou mudo diante do microfone.

A sua “ressurreição” ocorreria, finalmente, em março de 2018, quando já tinha 82 anos.

Em duas noites, na sua João Pessoa, o advogado Geraldo Dias foi substituído pelo compositor Geraldo Vandré, que fez dois concertos com a Orquestra Sinfônica da Paraíba.

Até Caminhando, que não estava no roteiro, ele cantou. Mas não deixou de bater continência para um amigo militar que veio de longe testemunhar o acontecimento.

Neste sábado (12), Geraldo Vandré chega vivíssimo aos 85 anos.