Na próxima quinta-feira, 13 de abril, Gilberto Gil faz show em João Pessoa. Gilberto Gil in Concert será apresentado no Teatro Pedra do Reino às nove da noite. Na vez anterior, em 2019, também no Pedra do Reino, ele estava em turnê com OK OK OK.
Ver Gil no palco é sempre uma imensa alegria. De 1967 a 2019, ele fez 20 shows em João Pessoa. Quantos você viu?. O colunista só não viu o de 1967. Vamos mexer na memória e lembrar de cada um deles?
1967, no Teatro Santa Roza. Tempo do LP Louvação. Antes de conquistar dimensão nacional, Gil passou uma temporada no Recife. Juntou-se ao Teatro Popular do Nordeste, de Hermilo Borba Filho, conheceu Geraldo Azevedo e Carlos Fernando, foi a Caruaru ver a Banda de Pífanos de Sebastião Biano. Nessa temporada, tocou em João Pessoa pela primeira vez para uma pequena plateia.
1975, duas noites no Teatro Santa Roza. Após o álbum gravado ao vivo no Tuca (1974), Gil excursionou pelo país. Gil (violão e guitarra), Moacir Albuquerque (baixo), Chiquinho Azevedo (bateria), um trio inspirado no Jimi Hendrix Experience. Depois do Tropicalismo e do exílio, em três horas de show, entre o acústico e o elétrico, entre raízes e antenas.
1976, Refazenda, duas noites no Teatro Santa Roza. Depois do disco, com novo repertório, a turnê nacional na qual incorporou à sua banda o grande sanfoneiro Dominguinhos, seu parceiro em Lamento Sertanejo. Um retorno às raízes nordestinas, mas também uma releitura delas.
1977, Refavela, três noites no Teatro Santa Roza. Resultado da ida de Gil ao Festival de Arte e Cultura Negra da Nigéria. Primeiro, o disco. Depois, a turnê num ônibus com uma grande banda. Primeira vez em que No Woman No Cry, de Bob Marley, apareceu no repertório de Gil.
1979, Realce, no ginásio de esportes do Clube Astrea. “Quanto mais purpurina melhor”. Ou um salário mínimo de cintilância. Muita gente criticou, mas como era bom! Gil, o sucesso arrebatador de Não Chore Mais e uma plateia maior do que a que tinha antes.
1981, Luar, no ginásio de esportes do Clube Astrea. Gil como um grande astro pop, uma lua e uma estrela no cabelo. “Subo nesse palco, minha alma cheira a talco…”. A turnê de Luar amplia o êxito e o público da de Realce.
1982, Um Banda Um, no ginásio de esportes do Clube Astrea. Turnê que começa a consolidar músicas que se incorporariam ao repertório definitivo de Gil, como Andar com Fé, Drão e Esotérico.
1984, Raça Humana, na Praça do Povo do Espaço Cultural. Gil dialoga com o rock brasileiro dos anos 1980, do qual é grande admirador. Rock do Segurança, Pessoa Nefasta, Tempo Rei, Vamos Fugir – os novos hits.
1986, Dia Dorim Noite Neon, no ginásio de esportes do Clube Astrea. O diálogo entre símbolos antagônicos, sugere o título do álbum e da turnê. No Brasil que começa a se redemocratizar, Gil relê a canção de protesto em Nos Barracos da Cidade. “Gente estúpida, gente hipócrita!”.
1987, O Poeta e o Esfomeado, com Jorge Mautner, no Teatro Paulo Pontes. Um recital? Um manifesto? As duas coisas e outras mais. No palco, Gil e seu violão, Mautner e seu violino, a percussão de Repolho. Música e poesia.
2009, no Jacaré Pop. Após uma ausência de 22 anos, Gil volta com um show de sucessos. Deixara há pouco o Ministério da Cultura do presidente Lula, onde fizera importante gestão.
2010, no Busto de Tamandaré. Novamente, Gil, sua banda e um set list só de sucessos.
2011, no Ponto de Cem Réis. A partir do ano 2000, Gil percorreu várias vezes as cidades brasileiras com um show junino montado com base no repertório de Luiz Gonzaga. Foi o que trouxe a João Pessoa no São João de 2011 na fase Fé na Festa.
2013, no Ponto de Cem Réis. Outra vez, Gil e seu show junino.
2017, Trinca de Ases, com Gal Costa e Nando Reis, na Domus Hall. Encontro de Gil com Gal e Nando Reis que nasceu numa homenagem, em Brasília, ao centenário de Ulysses Guimarães. Show com pegada roqueira e set list repleto de sucessos.
2019, OK OK OK, no Teatro Pedra do Reino. Um disco de inéditas em 2018 seguido da turnê que passou por João Pessoa no ano seguinte. A família, os amigos, os médicos que cuidaram da saúde de Gil em 2016 – temas das letras das novas canções. Presença dos filhos músicos no palco.
Resgate maravilhoso, Sílvio, bacana! Eu de cá lamentando ter sido um adolescente tímido, que ouvia Gil, mas não saía de casa, perdi os do Santa Roza… E, num dos shows do Astréa, nossa amiga Karla, tiete máxima, me fez ficar alguns segundos andando com ela atrás de Flora Gil no meio da plateia, rsss. Mas aqui vai minha dúvida: na minha cabeça teria havido no Astréa um show chamado 20 anos luz ou algo assim. Pelo jeito não. Mas então num desses do Astréa, ele fez um discurso longo no show, bem longo, para defender a proibição da construção de espigões na orla de João Pessoa (Carlos Drummond de Andrade fez a mesma defesa, numa crônica intitulada Tambaú). Em que show foi isso? Lembro, nesse show, dele derramando parte de uma água mineral e cantarolando “Água, dona da vida/ ouve essa prece, tão comovida…” Sim e Gil esteve aqui pelo menos duas vezes sem ser em turnê, para uma palestra na UFPB sobre os 100 da abolição, quando era secretário de cultura de Salvador, vestido com uma bata africana; e para lançar localmente o projeto Ondazul, tendo caminhado com Belchior e o público da Câmara Municipal até a Lagoa. Além disso fez um participação no show de Sandy e Jr em Tambaú, final dos anos 90, e mais pra frente outra no show de Ray Lema (participação surpresa), no Ponto Cem Réis, na véspera de seu show em Tambaú.
Graças a Deus, não vi nenhum.
Vi alguns desses. No Santa Rosa, Refazenda e Refavela. Em Terezina-PI, Raça Humana. Esse último, Gil fez junto com Caetano (Podres Poderes) – um dia a Gil e no outro, Caetano. Vi Fé na Festa no Ponto de Cem Réis com muita chuva. E, por último, OK, Ok, Ok. Sou um sujeito de sorte. Não tanto quanto Silvio.