Jackson é festejado agora, mas morreu à margem do sucesso

Neste sábado (31), faz 100 anos que nasceu Jackson do Pandeiro.

Tem sido muito lembrado (que bom!), mas duvido que muitos que o fazem tenham seus discos em casa.

Jackson fez sucesso nos anos 1950 e depois viveu em terrível ostracismo.

Houve, sim, o necessário resgate feito pelos tropicalistas (Gilberto Gil e Gal Costa regravaram suas músicas) e a parceria com os pernambucanos Alceu Valença e Geraldo Azevedo.

Mas, no fundo, os ouvintes “chiques” da MPB nunca se interessaram por ele. E continuam assim.

Uma jovem jornalista me perguntou se era preconceito racial.

Não creio. Era (ainda é!) preconceito com o tipo de música que Jackson fazia.

“Música menor”, dirão. Ou não dirão, mas pensarão.

Um dia desses, um amigo muito querido ficou surpreso porque tenho discos de Luiz Gonzaga. “Você, que gosta de coisas refinadas, ouve Luiz Gonzaga?” – foi a pergunta que me fez.

Com Jackson, é do mesmo jeito. Talvez um pouco pior.

Festejá-lo no centenário do seu nascimento é importante porque repõe o nome dele no cenário da música popular do Brasil.

Ele reaparece na mídia com suas performances e suas histórias.

Os que foram influenciados por ele (são tantos!) dão valiosos depoimentos.

A garotada (sobretudo ela!) se vê diante do artista talentosíssimo que Jackson foi.

Jackson e os ritmos nordestinos, do coco ao frevo. Jackson e os sambas do Rio de Janeiro. Jackson e seu modo de cantar.

O documentário Jackson, Na Batida do Pandeiro, de Marcus Vilar e Cacá Teixeira, marca muito positivamente o centenário do artista. Permanece como algo que vai além das homenagens da data. Em uma palavra: fica.

O maior esforço de resgate do legado de Jackson do Pandeiro tem uma assinatura: a do pesquisador Rodrigo Faour. É dele a produção executiva da caixa Jackson do Pandeiro, O Rei do Ritmo, que a Universal Music colocou no mercado há três anos.

Quer ter Jackson do Pandeiro em sua discoteca?

Quer ouvir Jackson do Pandeiro?

O box produzido por Faour é o que há de melhor.

São 15 CDs, entre coletâneas temáticas e álbuns originais.

Festejar Jackson do Pandeiro no centenário do seu nascimento é muito importante. Mais ainda é não deixar de ouvi-lo.