Jimi Hendrix foi o maior porque escreveu a gramática e a história do seu instrumento

Robert Johnson, voz e guitarra fundadoras do blues, morte em 1938. Brian Jones, guitarrista da formação original dos Rolling Stones, morte em 1969. Janis Joplin, a maior cantora do rock, morte em 1970. Jim Morrison, líder dos Doors, morte em 1971. Kurt Cobain, líder do Nirvana, morte em 1994. Amy Winehouse, cantora que releu a soul music no século XXI, morte em 2011. Todos morreram aos 27 anos. A esse grupo, junta-se o nome de Jimi Hendrix, o maior guitarrista de todos os tempos, morte em 1970. Se estivesse vivo, Jimi Hendrix, nascido James Marshall Hendrix em Seattle, completaria 80 anos neste domingo, 27 de novembro de 2022.

Quando pensamos em guitarristas, há nomes que não podem ser esquecidos. Falamos em jazz, e lá vem Wes Montgomery. Se formos para os primórdios do rock, Chuck Berry aparecerá entre os fundadores. No blues, temos as notas econômicas e essenciais de B.B. King. Estamos antes dos anos 1960, década em que os conjuntos de guitarras tomaram conta do mundo da música popular. É aí que chegamos à Londres que, em 1966, viu nascer o power trio The Jimi Hendrix Experience. Um guitarrista americano, mestiço de negro com índio; um baixista e um baterista ingleses, brancos. Eles logo fariam história.

Jimi Hendrix é o maior guitarrista de todos os tempos. Um lugar comum. Mas está certo. Os garotos que hoje estudam o instrumento e têm às mãos todos os recursos tecnológicos, farão coisas inacreditáveis com uma Fender semelhante à de Hendrix. Mas não inventarão nada. Não escreverão a gramática, nem a história, como Jimi fez numa carreira tão intensa quanto meteórica, entre 1966 e 1970. Ele foi descoberto em Londres, na época em que os Beatles e os Rolling Stones comandavam a cena roqueira da cidade, e impressionou os que puderam vê-lo ao vivo. Os melhores guitarristas – gente como Eric Clapton e Jimmy Page – ficaram perplexos. E quiseram desistir.

Dois retratos de Jimi Hendrix. No primeiro, ele debuta para o público americano. Em 1967, sua apresentação no Festival de Monterey provocou um impacto extraordinário sobre os músicos e os espectadores do evento. No segundo, o guitarrista está no auge. Em 1969, sua performance no Festival de Woodstock, mais extensa do que a de Monterey, figura entre os mais impressionantes momentos do rock produzido ao vivo. Os dois registros também eternizam festivais que marcaram a cultura pop.

Dizer que a guitarra é extensão do corpo de Jimi Hendrix é outro lugar comum. Tanto quanto classificá-lo como o maior de todos os guitarristas. Mas também é verdade. Com o instrumento colado ao seu corpo, ou dando voltas ao redor deste, às vezes tocando com a boca, Hendrix ultrapassa os limites das convenções musicais. Produz ruídos que se misturam ao que não é ruído. Notas certas no lugar certo fundidas a notas que poderiam ser consideradas incorretas. Acordes que não estão nos manuais, dedos pressionando cordas e trastes como ninguém ousaria fazer. Invenção pura. Resultado excepcional. Como as cores que um gênio da pintura joga numa tela.

Hendrix lançou três discos gravados em estúdio e um ao vivo (veja as capas) antes de morrer aos 27 anos, no dia 18 de setembro de 1970. Mas a discografia é extensa. Os muitos discos póstumos estão à altura da sua importância. Há fabulosos registros ao vivo. Também em estúdio. Todo o material foi recuperado, restaurado à luz dos mais avançados recursos tecnológicos disponíveis nos estúdios da era digital. A família cuida bem da memória e do legado musical. Os sons que produziu na guitarra Fender já atravessaram mais de cinco décadas desde que morreu. E permanecem ousados e modernos.

ARE YOU EXPERIENCED, maio de 1967.

Jimi Hendrix foi o maior porque escreveu a gramática e a história do seu instrumento

AXIS: BOLD AS LOVE, dezembro de 1967.

Jimi Hendrix foi o maior porque escreveu a gramática e a história do seu instrumento

ELETRIC LADYLAND, outubro de 1968.

Jimi Hendrix foi o maior porque escreveu a gramática e a história do seu instrumento

BAND OF GYPSYS, ao vivo, março de 1970.

Jimi Hendrix foi o maior porque escreveu a gramática e a história do seu instrumento