No Jornal Nacional, Ciro Gomes conteve seus impulsos e falou de ideias e projetos para o Brasil

Muitos bolsonaristas estão fulos da vida desde o final da noite desta terça-feira (23). E é fácil entender que eles estejam assim. Claro. Na bancada do Jornal Nacional, argumentam, o candidato Ciro Gomes foi tratado com uma cordialidade que não houve, na noite anterior, durante a entrevista com o presidente Jair Bolsonaro.

Mas Bolsonaro merece, sim, o tratamento que recebeu de William Bonner e Renata Vasconcellos. Merece porque, na presidência, tem feito por onde. Não há, por exemplo, como entrevistá-lo sem falar do seu desprezo pelos que morreram de Covid. Não há também como entrevistá-lo sem falar nos seus ataques às urnas eletrônicas. Não há, ainda, como entrevistá-lo sem falar do seu discurso golpista. Foi o que vimos no JN

Contra Ciro Gomes (Foto/Reprodução), existe pouca coisa. A principal é o seu temperamento explosivo. Bem como o tom excessivamente ofensivo com que tem se referido tanto a Bolsonaro quanto, sobretudo, a Lula, botando os dois no mesmo patamar sem que eles, de fato, estejam assim nivelados. No mais, é difícil pegar pesado com Ciro.

O Ciro Gomes que se apresentou no Jornal Nacional domou seus impulsos. O tema chegou a ser abordado por Renata Vasconcellos, mas o candidato estava uma seda. E usou mais de uma vez o questionamento da apresentadora para substituir palavras agressivas por eufemismos muito mais suaves. Estratégia de marketing? Certamente, mas não há como não reconhecer que, nesse quesito, Ciro se saiu muito bem.

O resto foi o que Ciro tem de melhor: o seu diagnóstico dos problemas brasileiros, as ideias de um homem muito preparado, os projetos que tem para o Brasil. Terá espaço nessa eleição de 2022? É praticamente certo que não. Merecíamos ter Ciro na presidência, ontem, hoje ou amanhã? Penso que sim. Mas, objetivamente, vejo que não. Novamente, não é a vez dele. Novamente, parece ser a vez de Lula, que se mostra como o único candidato capaz de defenestrar Jair Bolsonaro do cargo no qual ele, despreparado que é, nunca deveria ter sido posto.

Nesta quinta-feira (25), o Jornal Nacional  entrevista o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.