Hoje, sete de abril, é o Dia do Jornalista. Recebi mensagens. Li outras nas redes sociais. Mensagens positivas que remetem à importância do jornalista, do jornalismo e, por extensão, da imprensa.
Nós, jornalistas, temos grandes defeitos. O jornalismo que se pratica no Brasil tem grandes defeitos. Os veículos da imprensa brasileira têm grandes defeitos. É tão fácil saber que sim.
Mas os jornalistas, o jornalismo e a imprensa são indispensáveis. Imaginem, por exemplo, se não tivéssemos a imprensa e os que nela estão num momento como este, em que o Brasil é governado por Bolsonaro e a mais desavergonhada extrema direita que já vimos.
Agora, quero estabelecer um link entre jornalistas e poetas. Sim, a propósito de algo que li no Face. Leva a assinatura de Lau Siqueira (Foto: Reprodução YouTube), meu companheiro na Memus, a associação fundada para cuidar da memória musical da Paraíba. Como muitos devem saber, Lau nasceu no Rio Grande do Sul e vive na Paraíba há muitos anos. Poeta, ligado politicamente a Ricardo Coutinho, exerceu cargos importantes na área cultural.
Pois bem, é dele essa pérola que apareceu no meu feed e que transcrevo: “Dia do jornalista. Parabéns para os raros e as raras. Aos demais, tomem jeito”.
Mensagem tão curta quanto autoritária. Tão curta quanto reveladora do que setores da esquerda lamentavelmente pensam do exercício do jornalismo. Tão curta quanto grosseira, descabida e indesejável no dia em que uma categoria celebra o seu dia.
Eu reprovo o que Lau escreveu. E penso que Lau reprovaria se, no Dia do Poeta, lesse a seguinte mensagem: “Dia do Poeta. Parabéns para os raros e as raras. Aos demais, tomem jeito”.
Fecho perguntando: Lau Siqueira, como poeta, está entre os raros ou entre aqueles que precisam tomar jeito?
kkkkkk… Adorei! Gargalhei aqui. Grato pela atenção.
Um prazer tê-lo como leitor. Não sabia sequer que estávamos ligados nas redes sociais.
Poeta não tem jeito nunca, amigo. Se tiver jeito, adoece. Porque trabalhar com a palavra no sentido da invenção, da criação, é abraçar infinitos.
Poeta é fingidor, como dizia Fernando Pessoa. “Finge que é dor a dor que, deveras, sente.” É outro manicômio.
Jornalista deveria ter jeito sim, uma vez que trabalha com algo precioso para o povo, como a informação.
Cria o norte da opinião pública. O clima de ódio que vivemos tem muito a ver com o mau exercício do jornalismo profissional.
Cá pra nós, a imprensa anda mal das pernas. Há uma diluição entre o que é opinião e o que é notícia. Algo lamentável.
Grande parte dos jornalistas entrou para as redes sociais e saiu da realidade.
Todavia existem os grandes jornalistas. Seria injusto colocá-los na vala comum. Os bons, em todas as categorias, são raros.
No mais, faço questão de fazer minhas escolhas na vida. Tenho asco da mediocridade e do lugar comum.
Tenho grandes amigos e amigas jornalistas. Uma jornalista é mãe das minhas filhas. Portanto, o que escrevi não é pessoal ou direcionado.
Assim como os poetas, existem os jornalistas raros. Só que jornalista não pode ser “fingidor”. Todavia, muitos não passam de reprodutores das cartilhas patronais ou partidárias.
No mais, como dizia Augusto dos Anjos, “ninguém doma o coração de um poeta.”
Abraços vermelhos e afetuosos.
Simpática a resposta de Lau pra você , Silvio . Gostei .
Parabéns pelo texto, Silvio e Feliz Dia do Jornalista!
Realmente, a confusão entre opiniões e fatos é um grande problema do jornalismo, particularmente o brasileiro.
O dever do jornalismo é informar não desinformados. Quando a imprensa, falada, escrita, televisada, toma partido, toma lado, ela passa a ser apenas um instrumento de grupos, deixa de ser O quê deveria ser.
Infelizmente a maioria dos comentários foram democraticamente apagados. Que lamentável.