Sítio São João: uma volta ao passado na música, arte e arquitetura

Com ares de interior, o espaço reconstitui um cenário que já não existe mais e contrasta com a atual realidade nordestina.

Arquitetura, costumes e musicalidade remetendo o imaginário popular a um cenário típico das comunidades rurais de um Nordeste do século XIX. É com essa proposta que funciona durante o período junino, em Campina Grande, o Sítio São João, dando ares de interior para os festejos ao reconstituir um espaço que já não existe mais. Contrastando com a atual realidade nordestina, os elementos que compõe esse espaço induzem os visitantes a fazerem uma ‘viagem no passado’ através do resgate das tradições e da construção de uma identidade regional.
 
As informações estão de acordo com a coordenação do sítio e a montagem desse espaço faz parte da programação d’O Maior São João do Mundo. O vilarejo cenográfico desperta um certo saudosismo  ao reproduzir uma típica comunidade rural de séculos passados com construções que traduzem o comportamento da sociedade da época. Além disso, no espaço também se apresentam trios de forró, repentistas, declamadores de poesia nordestina e bandas de pífanos para animar os visitantes.
 
No Sítio São João as pessoas se deparam com uma capela, engenho, casa de farinha, roçado de milho, casa de taipa, bodega e até uma difusora, além de outros elementos cênicos que ornamentavam esses espaços. O sítio já está em sua 23ª edição, mantendo a tradição de valorizar as características da cultura regional. Ao todo, cerca de 100 pessoas são envolvidas na construção e manutenção desse local, que reúne milhares de visitantes a cada ano, conforme o idealizador do projeto, o produtor cultural João Dantas.
 
Ainda segundo João Dantas, o Sítio São João oferece ao público a oportunidade de conhecer a história do povo nordestino, numa perspectiva que valoriza a arquitetura rural, a religiosidade e a economia. “Esse projeto mostra a singeleza do sítio e faz com que as novas gerações entendam como funcionava a economia e como era o comportamento das pessoas. É um espaço que agrega muitas informações e diverte o público”, destacou. 
 
Para o historiador Cicero Agra, o sítio recria um período marcado por uma sociedade que dependia basicamente da economia rural e que a maior parte da população morava no campo, marcada por uma forte religiosidade e pela cultura do machismo. “A mulher não tinha muito espaço e o espaço que tinha era muito voltado para a família e para as atividades do lar. Esse era também um espaço de atraso, de não modernidade, muito ligado à tradição e a coisas de épocas bem mais anteriores, como os ciclos econômicos do açúcar e o algodão, produtos que hoje estão despercebidos da nossa economia, mas que foram a base para a gente chegar aqui”, pontuou.
 
O historiador também frisou que o cenário ajuda na construção de uma identidade, mas que é preciso ter cautela com isso para não reforçar um estereótipo de nordestino que já não existe mais. “É muito complicada essa ideia de construir essa imagem. Ela tem seu lado positivo e também o seu lado negativo. Ela constrói uma identidade regional para nós que muitas vezes é levada para outras partes do país. Buscar as raízes, isso é bom, só que o turista pode fazer uma leitura um pouco etnocêntrica e ver isso como uma realidade ainda existente”, declarou.
 
Sítio São João
Local: avenida Cônsul Joseph Noujaim Habib (Canal do Prado), bairro do Catolé
Horário: 10h às 0h
Entrada: R$ 5,00 e R$ 10,00 (dependendo do dia)