Uma orquestra em silêncio

OSPB aguarda reforma da Funesc e resultado de concurso público para voltar aos eixos

O primeiro semestre de 2013 será de hiato para a Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB). Sem se apresentar desde dezembro de 2012, a principal formação orquestral do Estado é, hoje, um contingente incompleto, que aguarda os resultados de um concurso público, ainda em processo, para completar o seu quadro e permanece, em decorrência da reforma nos teatros da Fundação Espaço Cultural (Funesc), sem lugar para ensaiar.

Em meio à expectativa gerada pela abertura das 29 vagas a serem preenchidas pelos candidatos aprovados no concurso, que este mês teve sua primeira etapa de provas, o maestro Alex Klein assumiu também a regência da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (SP) e hoje divide a direção do Programa de Inclusão Através da Música (o Prima) com a batuta de uma das orquestras mais tradicionais do interior do Brasil.

Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, tanto o secretário de Cultura, Chico César, quanto o maestro Alex Klein comentaram a ausência da OSPB dos palcos e a nova fase que aguarda a orquestra, com a contratação de novos músicos e a presença de seu maestro residente em uma orquestra do Sudeste. Segundo Chico César, tanto a interrupção dos ensaios e apresentações quanto o desfalque da OSPB vêm na esteira de reivindicações que, na sua concepção, eram "inadiáveis".

"A recuperação dos espaços orquestrais da cidade deixou a OSPB sem lugar para ensaios e apresentações, pois o Espaço Cultural e o Teatro Santa Roza estão em obras há muito reivindicadas", esclarece o secretário de Cultura. "A OSPB encontra-se desfalcada e aguarda a seleção dos candidatos a serem aprovados no concurso público que está sendo realizado no momento pelo Governo do Estado através do Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC). Este concurso público é também uma reivindicação histórica dos músicos de orquestra de nosso Estado".

Chico César nega que a nomeação de Alex Klein como maestro de outra orquestra possa afetar seu desempenho à frente da OSPB e do Prima: "Ele estará inteiramente disponível à OSPB e ao Prima, pois se ausentará apenas uma vez por mês para reger a orquestra de Ribeirão Preto. Nestas ausências, o trabalho da OSPB continuará normalmente com os maestros convidados, que já são recebidos regularmente e é algo bom para qualquer orquestra. Seu contato com o ambiente orquestral do Estado de São Paulo até será benéfico para a música paraibana de orquestra pois aproximará ainda mais a cena orquestral de lá e cá".

Klein ratifica que a atuação simultânea, em duas orquestras, é algo comum na carreira de maestro e não será prejudicial à OSPB, já que viajará uma vez por mês ao interior de São Paulo e continuará residindo em João Pessoa: "O deslocamento não influenciará em nada o nosso trabalho na Paraíba, pelo menos não negativamente. Estamos encontrando uma nova vertente de promoção dos valores paraibanos no Sudeste", declara.

SÓ EM AGOSTO
Segundo o maestro, as atividades da OSPB serão retomadas em agosto e, ao contrário do que aconteceu com o segmento jovem da orquestra, os músicos do quadro profissional não puderam continuar ensaiando ou se apresentando em espaços alternativos, como a Escola Especial de Música e o Mosteiro de São Bento, em virtude das condições desfavoráveis para tanto. "Tratam-se de duas orquestras com propósitor diferentes: uma orquestra profissional requer certas necessidades que não podem ser ignoradas", explica Klein.

Sobre o atual contexto do Prima e suas perspectivas futuras, Klein ressaltou a implantação de um pólo do programa em Catolé do Rocha (no Sertão), este mês, com o recebimento de novos instrumentos musicais, além do planejamento de expansão do projeto para outras cidades como Cajazeiras, Itaporanga, Patos, Guarabira e Campina Grande.