CG tem PIB per capita superior a R$ 20,5 milhões e atrai novos negócios

Campina ainda reúne 17,8% dos pequenos negócios relacionados à beleza de toda a Paraíba.

Monumento Pioneiros, em Campina Grande (Foto: Leonardo Silva)
Rua Maciel Pinheiro Campina Grande (Foto: Leonardo Silva/Arquivo)
CDL de Campina Grande celebra chegada de novos negócios (Foto: Leonardo Silva/Arquivo)

“Está bom, mas poderia estar melhor”. Essa é a opinião de seu Severino Rodrigues, um comerciante autônomo que há 50 anos aposta seu sustento financeiro nas vendas de mantimentos em Campina Grande. Assim como ele, Maurício Alexandre, de 68 anos, recorda com saudade os tempos em que a rotina em Campina era diferente. Mas, para Maurício, no âmbito econômico “a vida melhor é a de hoje”, pois a oferta de emprego é maior na cidade que completa 155 anos nesta sexta-feira (11).

De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), atualmente o Produto Interno Bruto (PIB) per capita  Campina é superior a R$ 20,5 milhões. A cidade tem recebido lojas e criado datas que impulsionam as vendas, como o conhecido ‘Carnaval da Paz’, chamado assim pela população da cidade, que realiza diversos eventos das mais variadas religiões. 

A cidade, que já tem uma veia cultural, também é empreendedora, e ao longo dos anos soube unir as duas questões em prol de seu desenvolvimento. O Maior São João do Mundo, que começou pelas ruas de bairros tradicionais, como José Pinheiro e Bodocongó e migrou para o Parque do Povo há 37 anos, logo cresceu e virou sinônimo de emprego e renda. Em 2019, de acordo com a Secretária de Desenvolvimento de Campina Grande, Rosália Lucas, ao longo dos 31 dias de festa a economia da cidade recebeu diretamente R$ 299 milhões, e 1,8 milhões de pessoas passaram pelo Parque do Povo.

“No turismo, recebemos três redes de hotéis nacionais no início deste ano, o que aumentou nossa capacidade hoteleira. Na Feira Central, existem 4.400 pontos comerciais. Os shoppings da cidade têm recebido redes nacionais de lojas dos mais variados ramos, gerando mais empregos e renda. No período do São João, fortalecemos nosso comércio em 30%, e durante o ‘Carnaval da Paz’, 96% de nossa capacidade hoteleira foi preenchida. Por tudo isso, acredito que a economia campinense tem muito a comemorar.”, comentou Rosália.

Mercado de beleza aquecido

Outra área de destaque na economia campinense é a beleza, de acordo com dados da Receita Federal, divulgados num levantamento do Sebrae. Em toda a Paraíba, 17,8% dos pequenos negócios relacionados à beleza estão em Campina. Isso quer dizer que de 9.360 negócios de toda a Paraíba, 669 são da cidade, que também conta com 298 empreendimentos de serviços estéticos, como manicure, pedicure e barbearias.

Mas, se a economia não está tão boa assim, o campinense não fica parado. É o caso de algumas empresárias da cidade que compõem o grupo ‘Mulheres Empreendedoras de Campina Grande’, que viram a necessidade de possuir estratégias de vendas para contribuir com o aquecimento do comércio campinense, e idealizaram o movimento “Compre em Campina”. 

De acordo com Edjane Rodrigues Ribeiro, diretora de marketing do grupo, a ideia surgiu em 2017 através da preocupação com a crise e as baixas vendas no comércio local. Hoje já são mais de 80 empresárias de diversos ramos de comércio e serviço envolvidas na iniciativa. “Temos o único objetivo de conscientizar as pessoas para comprarem na cidade, alertando que cada vez que compram no comércio local, o dinheiro fica aqui e é revertido em emprego, desenvolvimento, crescimento da nossa cidade”, comenta Edjane.

O outro lado

Apesar dos avanços, um levantamento feito pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CEGED) apontou uma queda na quantidade de empregos gerados no comércio, em Campina Grande. De acordo com a pesquisa, a economia da cidade vive o pior ano desde 2006, já que cerca de 335 posto de trabalho neste ramo foram fechados em janeiro e agosto deste ano. O presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL-CG) explicou que esse resultado é um reflexo do baixo faturamento e da falta de oportunidade, tanto para os investidores quanto para quem procura emprego no comércio.

“São poucas ou inexistentes as políticas públicas voltadas para a atração de novas empresas. Isso acaba prejudicando o desenvolvimento da economia e praticamente extinguindo a geração de empregos no setor”, comentou o presidente da CDL-CG.

Nos demais setores da economia ativa, a cidade perdeu 675 postos postos de trabalho. Dentre as atividades que mais perderam pontos, a de destaque é a de vendedor varejista: Foram menos 94 vagas ao longo de 2019. Ainda assim, os empresários da cidade têm se mostrado otimistas, e para Edjane, membro do ‘Mulheres Empreendedoras de Campina Grande’ eles têm muito a comemorar no aniversário de 155 anos da cidade. “Moramos numa cidade limpa, com comércio pulsante e grandes empreendedores”. 

* Bruna Couto é aluna de jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba e estagiária do Jornal da Paraíba. Esta série de reportagens foi produzida sob orientação de Aline Oliveira