“A crise só existe na cabeça das pessoas”. Foi com esse tom bem-humorado que o empresário Maurício Guimarães explicou sua decisão de implantar há três meses uma empresa de consultoria em João Pessoa. Em tempos em que se ouve um coro de especialistas falando do aperto do mercado financeiro, ele ignorou os maus presságios, planejou, se capacitou e investiu.
Aliás, o exemplo do pequeno empreendedor parece não ser o único na Paraíba. No acumulado de janeiro a junho deste ano, a quantidade de contratações realizadas por micro e pequenos empresários no Banco do Nordeste (BNB) dentro do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE) saiu de 789 (2014) para 941, alta de 19,26%. Já o volume em dinheiro subiu de R$ 60,597 milhões (em 2014) para R$ 62,785 milhões este ano, expansão de 3,6%.
Mas não é apenas o BNB que pode dar assistência ao paraibano que sonha em formalizar um negócio. De acordo com a gerente da Unidade de Orientação Empresarial (UOE) do Sebrae Paraíba, Márcia Timótheo, o micro e o pequeno empreendedor podem obter financiamento em bancos públicos, privados, cooperativas de crédito e instituições de microcrédito. Vale lembrar ainda o programa da prefeitura de João Pessoa como o Banco Cidadão, e do Estado, Empreender-PB.
“A adoção de ferramentas gerenciais destinadas ao adequado planejamento financeiro é fundamental no apoio a um pequeno negócio que necessitará de recursos financiados para a implantação, expansão e modernização empresarial. O Sebrae tem nas suas soluções as ferramentas de planejamento financeiro e estão disponíveis para os pequenos negócios. Contudo, é fundamental que o empresário elabore seu plano de negócio”, alertou a especialista.
E um dos pontos em que Maurício Guimarães mais se concentrou foi em planejamento. Como já vinha há alguns anos oferecendo consultoria voltada à melhoria da gestão, de maneira informal, o empresário decidiu realizar o plano de negócio para o registro da empresa. Ao concluir o curso de MBA em Gestão Empresarial pela FGV, no mês de abril, ele tomou a difícil decisão de pedir demissão da Embratel, empresa em que atuava há 16 anos e ocupava o cargo de gerência.
“No dia de pedir demissão estava muito tranquilo e certo do que queria. Por ter essa certeza, não levei em consideração a ‘crise’ por que passa o país. Isso porque a área de atuação em que optei está voltada justamente para a melhoria da gestão das empresas e meu trabalho pode alavancar os resultados exatamente neste momento de crise. Afinal, ‘vender lenços para quem chora’ é para quem tem visão e observa o cenário, buscando as oportunidades”, disse.
Segundo Maurício Guimarães, a decisão de empreender em uma fase de desaceleração econômica foi difícil até o momento em que ele percebeu que estava preparado e com todos os projetos montados para abrir o negócio. Como já tinha algumas reservas financeiras, o empresário juntou o dinheiro obtido da rescisão contratual da empresa e implantou a Appoio Consultoria, na capital paraibana.
Com três meses de funcionamento, a empresa já está trazendo resultados positivos e tem contratos com importantes clientes, como o Sebrae e Fundação Nacional da Qualidade. Mal começou nova fase e o empreendedor investiu mais R$15 mil no negócio para tornar-se coaching profissional, sendo capacitado em Professional and Self Coaching (PCS) e Professional and Executive Coaching (BEC). “Tenho tido um retorno muito além do que eu havia planejado”, revelou.
CAPACITAÇÃO
Além de fazer duas pós-graduações (Gestão da qualidade e produtividade e MBA em Gestão empresarial), Maurício Guimarães contou que fez outros cursos na área de gestão e consultoria empresarial. Os técnicos do Sebrae não foram buscados diretamente, mas o empresário foi durante sete anos avaliador voluntário do Prêmio de Competitividade para Micro e Pequena Empresa (MPE Brasil) onde ele aprimorou um expertise na área de gestão nesses trabalhos.
