Cresce venda de comida de milho

Apesar do preço do milho empresas fornecedoras de comidas típicas esperam uma alta de pelo menos 50% no seu faturamento.

Canjica, pamonha e bolos de milho são sinônimo de incremento nas vendas do setor de alimentos, na capital paraibana, João Pessoa.

Isto porque, mesmo com o preço do milho ‘apertando o cinto’, as empresas fornecedoras de produtos tipicamente juninos esperam uma alta de pelo menos 50% no seu faturamento durante este mês.
Na Bolíssimos, que fica no Bessa, a produção durante os 30 dias de junho deve ser de, em média, 500 bolos por dia. “A procura começou com mais força nesta semana. Entre os produtos mais procurados estão o bolo de milho, o de mandioca, de tapioca e o pé de moleque. Fora estes, ainda temos a pamonha e canjica”, comentou a proprietária da empresa, Daniela Cristina.

A empresária contou que vende o quilo do ‘bolinho’ por R$ 9,90, um valor maior do que aquele praticado no período do ano passado.

“Tivemos que aumentar o preço em cerca de 30% porque o milho está muito caro e, como os fornecedores falam em elevar ainda mais os valores mais perto do São João, nós ficamos em uma situação complicada”, afirmou.

Este receio em repassar a alta dos custos com milho para o consumidor final também é comum ao empresário da Casa do Sertão, que fica no Bairro dos Estados, Irenaldo Marques. Ele explicou que, no dia a dia, o preço da mão de milho oscila em até 20%. “Tem dias que chega a R$ 30, então o preço está horrível. Para mim, vender meu produto mais caro é muito complicado, porque tenho clientes do ano todo e eu não penso só em lucro, eu penso também em fidelizar este cliente, em oferecer o melhor custo-benefício para ele”, comentou.

Mesmo com esta dificuldade, comparado à média anual, a Casa do Sertão deverá dobrar a quantidade de produtos fabricados por conta da demanda junina. “Tem dias que fazemos 300 pamonhas e elas acabam antes do previsto. Aí a gente fica obrigado a informar ao cliente que ‘não tem mais’. De qualquer forma, junho é sempre bom e sempre supera nossas expectativas”, contou.

Do outro lado da cidade, a Kactu’s Bolos, em Mangabeira, também espera realizar um bom volume de vendas neste mês.

“Normalmente, vendemos bolos de milho, baeta e pé de moleque e a procura já é bem intensa. Mas, além disso, nós procuramos fornecedores terceirizados de pamonha e canjica [vendendo a R$ 3 por unidade] que também costumam ter ótima comercialização”, finalizou a atendente Vaneska Lima.

EM CG, LUCRO AUMENTA SETE VEZES

Durante os festejos, a cidade de Campina Grande recebe a visita de vários turistas de outros estados e países. Um dos grandes atrativos turísticos é a gastronomia regional, bastante explorada nesta época do ano, onde as comidas preparadas à base de milho são as mais pedidas. Devido à grande procura, pequenos empreendedores aproveitam para garantir uma renda extra e chegam a lucrar sete vezes mais, em relação aos outros meses. Com o aumento no preço da mão de milho, os produtos estão ficando mais caros a cada ano.

Um exemplo destes pequenos empreendedores é Marinalva Silva, que há 13 anos trabalha vendendo comidas típicas. Ela mora no bairro do Cruzeiro, em Campina Grande, mas tem um ponto comercial no Centro da cidade, onde vende os alimentos e recebe encomendas. No “Cantinho da Pamonha” ela vende bolos, pamonhas e canjicas

De acordo com Marinalva, durante ano, o movimento é muito fraco, mas no mês de junho as vendas disparam, e os lucros ajudam a garantir o sustendo da família. “Durante o ano, recebemos poucos pedidos de encomendas. Os lucros não chegam nem a R$ 1 mil. Mas quando chega o São João ficamos lotados de pedidos e chegamos a lucrar até R$ 7 mil”, disse ela.

Os produtos vendidos por dona Marinalva variam de R$3 a R$12. Um bolo de milho, por exemplo, é vendido por R$ 6, no tamanho pequeno e R$ 12 o grande. Já as pamonhas e canjicas são vendidas por R$3, cada unidade. O preço das comidas de milho tem aumentado ao longo do últimos anos devido à escassez do cereal. Este ano a “mão de milho” – que equivale a 52 espigas – era vendida, em média por R$ 25. Este ano o preço está variando entre R$ 30 a R$ 35.

RESTAURANTE TEM CARDÁPIO JUNINO

Com a chegada do período junino e a grande procura pelas comidas típicas, a confeitaria La Suissa, localizada, no Centro de Campina Grande, está promovendo até o dia 7 de julho o “Festival Junino”, onde todas as noites é um “jantar junino” servindo um variado cardápio da culinária nordestinas. Dentre os pratos servidos, cinco deles são feitos à base de milho: bolo, xerém, pamonha, canjica e grude.

Os pratos começam ser servidos todos os dias, a partir das 18h. Os clientes preparam suas refeições no modo self-service e o valor do jantar é calculado pelo peso. O quilograma custa R$49,90. Além das comidas de milho, são servidas comidas regionais como carne de sol na nata, galinha de capoeira, bode, arroz de leite, arrumadinho, picado e outros. (Colaborou Artur Lira)