Após ser demitida do emprego este ano, a paraibana Rosélia Maria Monteiro, 27 anos, passou quatro meses procurando uma recolocação no mercado de trabalho, mas como não obteve sucesso decidiu montar o ‘Vista Brechó’, em um cômodo da casa onde mora, no bairro da Torre.
A atitude da jovem de apostar em um negócio próprio por necessidade para manter a renda familiar deverá ser uma tendência cada vez mais intensa na Paraíba, que acumula um saldo negativo em sete meses deste ano mais de 16 mil paraibanos foram desempregados com carteira assinada, recorde da série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Como a taxa de desocupados, pessoas que estão procurando emprego, rondando 160 mil no Estado e a economia pouco favorável a uma política de contratações por parte das empresas, muitos trabalhadores precisam encontrar uma fonte de renda a curto e médio prazo. A saída é a venda informal ou se cadastrar como Microempreendedor Individual (MEIS) por necessidade sem um planejamento ou plano de negócio.
“No momento de crise há geralmente o aumento de MEIs. A pessoa pega a indenização que recebeu do trabalho e aplica em um negócio para gerar recurso. Mas como há empresas fechando, acredito que o mercado fechará com estabilidade mesmo com a chegada dos novos MEIs”, afirmou o superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PB), Walter Aguiar.
A figura do MEI surgiu em 2010 na Paraíba e, segundo dados da Receita Federal, na época foram contabilizados 10.612 registros no Estado. Em 2011, este número dobrou chegando a 22.863 e, no ano seguinte, manteve expansão e somou 36.950 pequenos negócios formais. A previsão é de que 2015 feche com um total de 74.140 MEIs no Estado. (Veja o quadro ao lado).
Mercado de trabalho
O negócio de Rosélia Maria Monteiro foi aberto há menos de dois meses, mas não chegou ainda a ser registrado. “Como está bem recente vou organizar as finanças e pretendo formalizar como MEI em breve, porque vejo que o brechó está dando certo”, garantiu. A paraibana contou que decidiu empreender porque mesmo distribuindo cerca de 30 currículos nas empresas de João Pessoa em empresas de diversos segmentos não conseguiu retorno. “Só fiz entrevista e nunca obtive resposta. Está muito difícil encontrar emprego hoje em dia”.
Na empresa em que trabalhava, Rosélia Maria foi contratada como vendedora temporária no período da Páscoa em uma loja que vendia chocolate. Passada a fase do contrato, ela foi dispensada sem direito ao seguro desemprego por causa do curto período. Sem indenização, ela precisava de uma fonte de renda no curto prazo, descartando planejamento ou plano de negócio.
“Já tinha a ideia do brechó e como na minha casa havia um local desocupado que poderia servir de ponto comercial, pedi R$ 200 emprestado a minha mãe para comprar alguns acessórios como araras, espelhos e ombreiras e investi neste projeto. Mesmo se eu for chamada para algum trabalho não pretendo desistir do brechó, vou tentar conciliar as duas atividades”, contou.
Por necessidade
Existe o empreendedorismo motivado por necessidade e o buscado por oportunidade. Os que surgem por necessidade estão mais suscetíveis à conjuntura econômica dos países e tendem a diminuir quando a oferta de emprego é maior. Já o de oportunidade tem um forte impacto sobre o crescimento econômico de cada nação.
Orientações para quem deseja ser MEI
– Comece com uma boa ideia, analisando suas afinidades (o que realmente gosta de fazer e tem conhecimento prévio);
– Busque orientações no Sebrae para fazer um estudo de mercado e plano de negócio;
– Formalize-se o quanto antes para dar mais credibilidade ao negócio e ter garantias previdenciárias;
– Independente de ser MEI por necessidade ou oportunidade, não faça tudo apressadamente. Tenha tranquilidade para analisar o mercado e reduzir os riscos do investimento.
Evolução do número de MEIs na Paraíba
2010: 10.612
2011: 22.867
2012: 36.950
2013: 49.715
2014: 64.729
2015: 74.140*
*Previsão de MEIs para este ano
Fonte: Receita Federal
Saiba mais
Empreendedores por necessidade são aqueles que iniciaram um empreendimento por conta própria por não possuírem melhores opções para o trabalho. Normalmente, precisam abrir um negócio a fim de gerar renda para si e para a sua família. Já os empreendedores por oportunidade optam por iniciar um novo negócio, mesmo quando possuem alternativas de emprego, e planejam mais cuidadosamente o empreendimento antes de abri-lo.
