Feira de livros usados em alta

Feira de livros usados é opção para driblar a alta no preço dos livros didáticos em João Pessoa; economia pode ser de até 70%.

A alta no preço dos livros escolares, que chega a 10% em João Pessoa, já aumenta a procura em até 20% nas feiras de livros usados. Com a lista dos nomes dos exemplares em mãos e olhar atento na oferta destes itens, dezenas de pais repetem diariamente este ritual nas exposições existentes na capital paraibana, e uma delas é a feira de livro no Mercado Público, no bairro de Mangabeira. Esta opção pode ocasionar uma economia de até 70%, se comparado aos preços das livrarias.

Em Mangabeira, não faltam clientes para a organizadora da feira, a ex-professora Maria Almeida, que há 14 anos teve a ideia de reunir amigos, trocar livros em bom estado de conservação e garantir menos gastos nas contas de casa e no orçamento da vizinhança.

“Tudo começou dentro da minha própria casa, quando eu percebi que gastava muito com os livros de meus filhos. Então convidei alguns conhecidos, organizamos a primeira feira e há 14 anos ela existe. Qualquer pessoa pode chegar para trocar, vender ou comprar livros usados. Só não aceitamos exemplares destinados ao professor, do Mec (Ministério da Educação), nem que não tenham mais serventia”, destacou Maria Almeida.

O corretor de imóveis José Wênio Italiano de Araújo afirmou que já incorporou a visita às feiras de livros usados há alguns anos e ontem conseguiu comprar todos os exemplares que serão usados este ano pelo filho, aluno do 8º ano do ensino fundamental. “Comprei os nove livros por R$ 380 e economizei entre 50% e 70%”, contou.

A engenheira Adriana Carla Soares Vaz afirmou que também está habituada a comprar os livros do filho nas feiras e diz que chega a poupar até 60% em comparação aos preços das livrarias.

“A vantagem é que economizamos bastante, mas as desvantagens é que algumas unidades vêm rabiscadas. Então, temos que passar corretivos ou apagar as anotações antigas. Mas no geral, os livros estão em bom estado de conservação”.

A psicóloga Silvana Melo lembrou que além da economia, a aquisição por livros usados faz bem à natureza. “Hoje se fala tanto em meio ambiente e sustentabilidade, mas as escolas não investem muito nesta prática de aproveitar o livro de um ano para o outro. Quando se tem uma grande família, esta compra é uma boa alternativa. É importante as instituições de ensino trabalharem isso nos alunos, até para eles não se sentirem constrangidos em adotar um livro usado”, desabafou a psicóloga.

A feira de livros usados, situada no Mercado Público de Mangabeira, está montada desde o dia 12 de dezembro e estará recebendo as famílias até o dia 15 de março.

“No início a procura é sempre menor, mas em relação ao mesmo período do ano passado percebemos um aumento de 20% na procura este ano”, confessou Socorro Urquiza, que trabalha com Maria Almeida na organização e venda dos livros.

O horário de funcionamento é das 8h30 até as 18h30, de segunda-feira a sábado.

LEI DEVE REDUZIR FATURAMENTO DE LIVRARIAS

Os gerentes das livrarias de João Pessoa já estão contabilizando a mudança no comportamento dos pais que estão sem levar para casa material escolar de uso coletivo. Eles já estimam queda de até 5% no faturamento mensal. A mudança deve-se a Lei Federal 12.886/2013, sancionada pela presidente Dilma em novembro do ano passado.

A legislação proíbe as escolas privadas de incluírem na lista de material escolar produtos de uso coletivo dos funcionários e estudantes como itens de escritório, de higiene pessoal, limpeza e do setor administrativo. Com isso, as livrarias da capital paraibana estão investindo no mix de produtos, com valor agregado, para minimizar as perdas.

“Os pais estão evitando levar produtos como resma de papel ofício, caneta para quadro e isso recai no nosso faturamento mensal, que deve reduzir cerca de 5%”, confessou a gerente da Livraria Arco-Íris, Gislara Fragoso. Ela contou que a livraria está investindo em outros mix de produtos para compensar as perdas, mas também não está oferecendo, por exemplo, produtos como copos descartáveis.

O gerente da Livraria Modelo, Antônio Márcio Nascimento, também reduziu itens de informática e de uso de escritório no estabelecimento, prevendo esta atitude dos pais. “A gente está tendo esta percepção. Agora os pais não levam tudo da lista e para evitar perdas estamos oferecendo outra variedade de produtos de uso individual”.