Fenabrave quer redução permanente do IPI

IPI para compra de veículos deveria voltar a vigorar com sua alíquota cheia de 4% e 13% mas permanece entre 3% e 10%, dependendo do modelo.

A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) agradou o mercado de automóveis e a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Além de beneficiar o setor, a medida é mais um passo do governo para angariar o apoio dos empresários, uma das categorias mais insatisfeitas com a atual conjuntura.

"Eu já aguardava essa posição diante dos números que mostram a redução das vendas, que agora devem ganhar um maior volume", afirma o presidente da Fenabrave na Paraíba, Paulo Guedes.

"Daqui para o final do ano teremos eleição, e tudo vai depender muito do desfecho da economia. Entendemos que a redução deveria ser permanente, a carga tributária é muito grande sobre o setor", acredita.

As concessionárias, por sua vez, devem manter os preços dos automóveis com a medida. Para o diretor em exercício da Brazmotors, Marcelo Coutinho, a prorrogação não irá gerar uma explosão nas vendas por si só, mas garante o cenário favorável.

"A redução de impostos é sempre oportuna em qualquer segmento. As vendas não devem aquecer por conta da medida isoladamente, mas as montadoras estão com promoções e reduções de preços atrativos; as duas coisas atreladas devem ajudar a reduzir o preço dos automóveis", afirma.

O IPI para carros, que deveria voltar a vigorar ontem com sua alíquota cheia – entre 4% e 13%, dependendo do modelo – permanece entre 3% e 10%. No caso dos móveis, permanece entre 4% e 12%, ao invés de voltar a valer de 5% a 15%.

O desconto do IPI faz parte de um conjunto de medidas anunciadas há duas semanas pelo governo para reduzir o mau humor dos empresários, que incluem benefícios a exportadores e crédito para a compra de máquinas.

A avaliação tanto do ministro quanto de empresários é que a fraqueza da atividade econômica é explicada pela escassez do crédito. Mantega não anunciou nenhuma medida nesse sentido, embora tenha ouvido queixas de empresários da indústria e do varejo.

VENDAS EM BAIXA

Números prévios da Fenabrave (Federação das Distribuidoras de Veículos) confirmam as previsões do setor automotivo de que a Copa do Mundo afetaria as vendas de veículos no país, num ano já sem perspectivas de crescimento nos emplacamentos.

Foram 250.946 licenciamentos em junho, que teve 20 dias úteis, contra 278.339 do mês anterior –o que se reflete em uma queda de 9,8%. Na comparação entre os meses de junho deste ano e de 2013, a queda ficou em 17%. A Fiat segue na liderança, com 342.203 emplacamentos no ano, seguida por Volkswagen (278.687), General Motors (279.231), Ford (143.063) e Renault (110.057), considerando as cinco primeiras posições. O acumulado anual chega a 1.585.098 vendas de automóveis e comerciais leves. A Fenabrave divulga hoje o levantamento completo dos emplacamentos (Com Folhapress).

GOVERNO VAI DEIXAR DE ARRECADAR R$ 1 BILHÃO

O governo deixará de arrecadar R$ 962 milhões no segundo semestre com a decisão de prorrogar até o fim deste ano descontos de imposto ao setor industrial O IPI para veículos, que deveria voltar ontem para sua alíquota cheia (entre 4% e 13%, dependo do modelo), continuará entre 3% e 10%. No caso dos móveis, fica entre 4% e 12%, em vez de voltar a valer de 5% a 15%.

A prorrogação do benefício aos dois setores é uma tentativa de impulsionar a atividade econômica e debelar o pessimismo entre os empresários. O anúncio, feito nesta segunda-feira (30), ocorreu no mesmo dia em que o Banco Central informou que BC, União, Estados, municípios e empresas estatais registraram déficit primário de R$ 11,05 bilhões em maio.

O déficit reduziu a economia do setor público para pagar os juros da dívida ao menor nível dede que o PT chegou ao poder.

Nos cincos primeiros meses de 2014, essa economia foi de R$ 31,5 bilhões (1,5% do PIB), queda de 33% em relação ao mesmo período do ano passado.

O objetivo da prorrogação do IPI reduzido é reverter o resultado das vendas no primeiro semestre, "fraco", nas palavras do ministro. "Temos que tomar medidas para viabilizar um segundo semestre melhor", disse Mantega.

As medidas chegam em um momento em que a indústria e a atividade dão sinais negativos. A produção nas fábricas recuou 1,2% entre janeiro e maio, e a confiança do empresário caiu, em junho, pelo sexto mês seguido.

Segundo o Ministério do Trabalho, o setor cortou 28 mil vagas formais em todo o país em maio. E existe o risco de os cortes prosseguirem. Isso porque a demanda por produtos industriais parece ter enfraquecido ainda mais em junho, com os feriados e os jogos da Copa do Mundo. "Embora a Copa seja um grande sucesso para o país, para as vendas e para a indústria traz alguns problemas", afirmou Mantega.

A anemia do setor industrial contribuiu para o ritmo modesto da atividade no primeiro semestre.

A projeção central dos analistas ouvidos pelo Banco Central é que o PIB crescerá 1,1% neste ano – há um mês, a expectativa era de 1,5%.

Com as vendas 4,8% menores (de janeiro a maio deste ano, ante o mesmo período do ano passado), a indústria automotiva colocou seus trabalhadores em férias coletivas e licença remunerada.

Para manter o desconto no IPI, o governo quer em troca a manutenção do emprego.

Tabela e veículos de passeio até 31 de dezembro de 2014:

Carros com motor até 1.000 cilindradas: IPI de 3%
Carros com motor flex entre 1.001 e 2.000 cilindradas: IPI de 9% até 30/6
Carros com motor a gasolina entre 1.001 e 2.000 cilindradas: IPI de 10%
Caminhões: isentos.

Fonte: Ministério da Fazenda