Mês de abril tem pior saldo de empregos na Paraíba da série histórica do Caged

Segundo Caged, mês fechou com perda de 3,1 mil vagas. Queda foi puxada pela construção civil.

A Paraíba apresentou o pior mês de abril no volume de empregos da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O saldo negativo do Estado foi de 3.107 postos de trabalho. A queda foi puxada pela indústria de transformação (-1.629) e a construção civil (-1.068). Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Ainda no mês de abril a agropecuária (-556) e o comércio (-442) também apresentaram perdas. O setor que mostrou saldo mais relevante positivamente foi de serviços (569). Na indústria, o segmento de usinas e fabricação de bebidas foi responsável pelo desligamento de 912 pessoas (56% do total).

No ranking do Nordeste, a Paraíba apresentou em abril o quarto pior saldo, ficando atrás do Ceará (-3.547), de Alagoas (-13.269) e de Pernambuco (-20.154). Vale lembrar que o Estado pernambucano apresentou o pior desempenho entre as 17 unidades da federação. Na Região, apenas o Piauí (612) não teve perdas de postos. Contudo, a Região Nordeste já perdeu 118,9 mil postos neste ano.

Para o economista Rafael Barnardino, o quadro do mês de abril indica a desconfiança dos empresários na economia. “Os empresários estão com visão pessimista quanto ao futuro da economia e tomam decisão de demitir empregados que, diga-se de passagem, é a única alternativa de que dispõem quando visualizam tempos mais difíceis”, contou.

Segundo ele, a classe empresarial não controla custo de matéria-prima, taxa de juros nem tributos. Com isso, os gastos com pessoal é a única verba que depende da sua decisão e por isso demitem logo nas primeiras indicações de que "a coisa vai piorar".

Segundo ele, a construção civil cresceu muito nos últimos anos em função do volume de recursos para financiamento de imóveis. As indicações de que esse volume de recurso para financiamento está menor influenciam negativamente no montante de vendas no futuro, motivo pelo qual as empresas estão dispensando pessoas. “Como consequência disso, a indústria da sua cadeia de produção também reduz a produção e demite empregados”, explicou.

Rafael Bernardino acrescentou que o setor de serviços tem maior imunidade às notícias negativas sobre a atividade econômica porque as pessoas sempre demandam serviços, mesmo que seja em menor escala.

CORTE DE 98 MIL NO PAÍS

Quase 98 mil empregos com carteira assinada foram cortados no país em abril. É o pior resultado para o mês em mais de duas décadas, segundo dados do Caged.
A última vez que houve retração no mercado de trabalho formal em abril havia sido em 1992, de acordo com a série histórica divulgada pelo Ministério do Trabalho. Mesmo assim, o corte na ocasião foi menor, de 63,2 mil vagas.

O recorde de geração de vagas no quarto mês do ano foi registrado em 2010 Em abril daquele ano, 305,1 mil novos postos surgiram.

Desde então, o número de empregos criados no mês de abril no país só faz cair.
A indústria foi a que mais contribuiu para a redução do estoque nacional de empregos com o corte de quase 54 mil postos no mês passado.

Dos doze segmentos industriais monitorados, dez reduziram o número de empregos. A maior diminuição ocorreu na indústria de alimentos e bebidas, onde 13,4 mil postos foram extintos.