Ocupados no país têm baixa instrução

Dados do IBGE apontam baixo grau de instrução em quase um terço das pessoas ocupadas no Brasil.

Os novos dados do mercado de trabalho apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que quase um terço das pessoas ocupadas no Brasil não terminaram o ensino fundamental ou não têm sequer algum nível de instrução. Por outro lado, a fatia da população empregada que concluiu o ensino superior corresponde a pouco menos de 15% dos trabalhadores.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, inaugurada na última semana, exibe dados a partir do primeiro trimestre de 2012. De lá para cá, a proporção de pessoas na base mais baixa da pirâmide educacional diminuiu. Uma tendência já mostrada pela Pnad anual. Mas a situação continua a preocupar especialistas do ponto de vista da produtividade e do crescimento potencial do País, algo debatido incansavelmente por economistas.

De acordo com as informações da Pnad Contínua, as pessoas de 14 anos ou mais que não tinham concluído o ensino fundamental respondiam por 26,9% dos 90,6 milhões de ocupados no segundo trimestre de 2013 (dado mais recente divulgado pelo instituto). Entre as pessoas que não têm nível algum de instrução, esse porcentual era de 5,4%. Os que concluíram o ensino superior, por sua vez, eram 14,9% dos ocupados naquele período.

"Basicamente, há duas consequências (do baixo nível de instrução). Primeiro, a economia brasileira cresce pouco no longo prazo. Não é sustentável, porque a produtividade não aumenta. Além disso, contribui para a má distribuição de renda", afirma o professor da PUC-RJ e economista-chefe da Opus Gestão de Recursos, José Márcio Camargo.

"Um dos fatores preponderantes que compõem o Produto (Interno Bruto, o PIB) é o nível educacional", ressalta o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria. Sem calcular o quanto um melhor nível da educação poderia acrescentar ao PIB, ele afirma que a formação tem papel fundamental para o crescimento potencial do País, o que demandaria investimentos não só em capital físico e tecnologia, mas também em capital humano.

De 2004 para cá, o crescimento do mercado de trabalho ocorreu em cima da ociosidade, destacou o economista Douglas Uemura, da LCA Consultores. Hoje, com uma taxa de desemprego relativamente baixa e uma dinâmica de emprego mais apertada, ele afirma que a economia vai depender cada vez mais da ampliação da capacidade. "Tem por onde crescer. Mas cada vez mais o crescimento vai depender de produtividade", afirma.