PB perde espaço em eólicas

De um total de 377 empreendimentos habilitados tecnicamente somente nove projetos serão da Paraíba, sendo o segundo menor número.

Sem atlas do potencial eólico concluído, a Paraíba perdeu espaço na captação de investidores para a construção de parques de energia gerada por vento. O leilão para a construção de parques eólicos, que acontece às 10h de hoje na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo, teve apenas o segundo menor número de investidores interessados, segundo a lista de projetos habilitados pela Empresa de Pesquisa Enérgica (EPE) para o leilão de reserva.

De um total de 377 empreendimentos habilitados tecnicamente pela EPE, somente nove projetos serão da Paraíba, que terão a capacidade de produção de 264 megawatts (MW). É o segundo menor número e ficou à frente apenas do Estado do Maranhão, que teve dois projetos habilitados. Em primeiro lugar ficou a Bahia, com 123 projetos habilitados. Em seguida o Rio Grande do Sul, com 94. O terceiro lugar ficou para o Ceará, com 63 investidores. Completam a lista o Rio Grande do Norte (41), Piauí (31) e Pernambuco (14).

Com preço inicial de R$ 117 por megawatts/hora (MWh), serão escolhidos os projetos dos empreendedores que ofertarem o menor preço de venda da energia. Estes firmarão Contratos de Energia de Reserva (CER), com início de suprimentos em 1º de setembro de 2015. A quantidade de investidores escolhida vai depender da demanda de cada região, número não divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Por exemplo: se determinado Estado demanda 100 MW de energia, será leiloada a empresa que forneça o menor valor pelo volume de energia demandado. Caso um empreendimento não atinja o quantitativo, serão escolhidas duas empresas que abasteçam 50 MW de energia cada, somando o número necessário naquele Estado. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é quem regula a distribuição da energia no país.
PB é referência

Apesar da baixa demanda em projetos, a Paraíba é um dos Estados com maior número de empreendimentos deste segmento de energia. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são 13 usinas em operação, destas, 12 localizadas no município de Mataraca e uma em Alhandra.

Somadas, as usinas têm capacidade para produção de 58.800 MW de energia.

De acordo com o professor Gilberto Augusto Moreira, do Centro de Energias Alternativas e Renováveis (Cear), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a baixa procura no leilão que acontece hoje pelo governo federal pode ser explicado pela especulação econômica dos investidores.

“A Paraíba ficou de fora da análise do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. Isso pode deixar o investidor inseguro para apostar no Estado. Como outras regiões foram analisadas, o investidor prefere enviar projetos para onde já tem um conhecimento prévio, para não perder dinheiro”, explicou.

O projeto Atlas do Potencial Eólico da Paraíba, lançado desde fevereiro de 2010 pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em parceria com Eletrobras, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e Associação Técnico Científica Ernesto Luiz de Oliveira Junior (Atecel), seria uma das alternativas para mostrar aos investidores o potencial eólico da Paraíba.

OUTRO LADO

O coordenador do Atlas do Potencial Eólico da Paraíba e professor de Engenharia Elétrica da UFCG, Maurício Beltrão, confirmou que a publicação deveria ser concluída no ano passado, entretanto, sofreu contratempos e atrasos no cronograma devido a “um somatório de fatores” que incluem a cessão de terrenos, autorizações e licenças dos órgãos públicos para a instalação das seis torres de medição da velocidade do vento em diversas regiões do estado. “As torres já estão instaladas, mas agora será necessário um ano de estudo para concluir as pesquisas [que serão a base para a confecção do atlas]”, declarou Maurício, que vai precisar de pelo menos mais um ano para concluir o estudo e não quis informar onde as torres estão localizadas.

Contudo, o coordenador do atlas na Paraíba negou que a ausência da conclusão deste impeça a captação de novos investimentos no Estado para a construção de novos parques eólicos. “Outros parques foram construídos na Paraíba como os de Mataraca e Alhandra sem a necessidade do atlas. A decisão de atrair investidores e projetos de parques eólicos depende de outros fatores como custo, logística para trazer aerogeradores [turbinas] aos locais e pesquisa in loco dos investidores. O atlas funciona apenas como uma orientação e facilitador, mas é o único para atrair investimentos”, revelou. Ele informou que outros estados do Nordeste como Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco já possuem atlas eólico.

ATLAS DEVERIA TER SIDO CONCLUÍDO NO ANO PASSADO

Em nota, a Eletrobras informou que a previsão inicial para conclusão era outubro de 2012. Devido a atrasos ocasionados pela montagem das torres anemométricas, atrasou-se também o início das medições. O problema foi registrado nos relatórios de acompanhamento e fiscalizado pelo órgão, com o apoio da Chesf. Este cenário levou à necessidade de um aditivo ao convênio, estendendo o prazo para entrega dos resultados para outubro de 2014.

De acordo com a nota, a Eletrobras investiu R$ 2,346 milhões em recursos financeiros, enquanto a UFCG e Atecel investiram R$ 186 mil e R$ 90 mil, respectivamente, em contrapartidas não-financeiras. Já a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) atua apenas como interveniente.

O coordenador do Atlas do Potencial Eólico da Paraíba, Maurício Beltrão, revelou que não houve atraso dos investimentos previstos para o projeto de confecção do atlas pela Eletrobras, principal financiadora do projeto.

O Atlas Eólico da Paraíba vai identificar locais ou regiões com ventos com velocidade média para a instalação de novos parques eólicos.