Plano de saúde terá alta em dobro

Reajuste de 9,04% é superior ao IPCA que foi de 6,7% nos últimos 12 meses; segundo o Idec este é o maior índice aplicado nos últimos oito anos.

Por segurar o reajuste dos planos de saúde médico-hospitalares individuais/familiares até julho, o governo federal vai fazer com que os consumidores paguem mais caro pelo serviço até o mês de outubro, já que o aumento de 9,04% virá com retroativo do mês de maio. Na Paraíba, o aumento anunciado ontem pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) atingirá 93.892 usuários. A nova mensalidade dos planos de saúde individuais passará a vigorar a partir de agosto.

O reajuste de 9,04% é superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 6,7% nos últimos 12 meses. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), este é o maior índice aplicado nos últimos oito anos. Anteriormente o maior percentual que ocorreu foi em 2005 e atingiu o patamar de 11,69%.

De acordo com o Idec, em 2013 a inflação sozinha tem sido um vilão no bolso do consumidor, por apresentar tendência de alta elevada no comparativo com o mesmo período de 2012. "O reajuste de plano de saúde agrava ainda mais a relação e segue no acumulado nos últimos 10 anos com 39,44%, num ritmo crescente que demanda mudanças urgentes para que o consumidor possa continuar a manter um plano de saúde”, afirma a economista do Idec, Ione Amorim.

O reajuste deveria ter ocorrido desde o mês de maio e como ele só foi anunciado ontem, os 8,4 milhões de brasileiros usuários de planos médico-hospitalares individuais vão pagar mais caro durante três meses para cobrir o retroativo.

Dados da própria ANS mostram uma simulação de como ficará distribuído este índice até outubro, considerando um plano hipotético no valor de R$ 100. No mês de agosto, este usuário pagará R$ 109,04 (referente ao aumento divulgado ontem) mais R$ 9,04 (relativos a maio) ou seja, um total de R$ 118,08. Em setembro o usuário pagará novamente R$ 118,08 porque esta mensalidade está acrescida do retroativo de julho e em outubro este cliente do plano individual pagará ainda R$ 118,08 porque está embutido o regressivo de julho. Somente em novembro este consumidor irá desembolsar a mensalidade de R$ 109,04, ou seja, sem os retroativos.

O índice de reajuste é válido para os planos de saúde médico-hospitalares individuais/familiares contratados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à lei nº 9.656/98. O percentual, segundo a ANS, foi aprovado pelo Ministério da Fazenda e trata-se do teto válido para o período entre maio/2013 e abril/2014 para os contratos de cerca de 8,4 milhões de brasileiros, o que representa 17,6% dos consumidores de planos de assistência médica no país. Ao todo são 47,9 milhões de beneficiários com planos de assistência médica.

A metodologia aplicada pela ANS para definição do índice máximo para os planos individuais é a mesma desde 2001 e leva em consideração a média dos percentuais de reajuste aplicados pelas operadoras aos planos coletivos com mais de 30 beneficiários.

USUÁRIOS RECLAMAM DO SERVIÇO

Para muitos usuários de planos de saúde médico-hospitalares individuais de João Pessoa, a notícia do aumento foi novidade. Mas o percentual de 9,04% foi motivo de preocupação para os consumidores que se sentem insatisfeitos com o serviço as operadoras dos planos.

Este foi o caso da funcionária pública Aldenice Ponce de Leon, que disse ficar à margem do atendimento, quando a disputa é com os atendimentos particulares. “Já fiz o teste tentando marcar uma consulta pelo plano e só disseram que tinham vaga semanas depois. Na mesma hora pedi para um amigo ligar e dizer que a consulta era particular e disseram que podiam recebê-lo no mesmo dia. Isso é uma discriminação, porque pagamos por um serviço e quando precisamos, não conseguimos. Isso é terrível”, frisou a funcionária pública que paga cerca de R$ 200 pelo plano de saúde médico-hospitalar individual, incluindo a do marido.

O professor Severino Celestino afirmou que mesmo com o preço alto de um plano de saúde, este serviço ainda vale a pena. “Não podemos pagar de forma particular por uma cirurgia, internação longa ou UTI. Com relação ao SUS (Sistema Único de Saúde) isso fica inviável. Mas existe sim um descaso dos planos com o usuário. Quando tentamos marcar uma consulta o médico diz que não tem vaga”, declarou.