Em tempos de volta de reajuste da gasolina, qual é o combustível verdadeiramente mais econômico: a gasolina, o etanol ou o Gás Natural Veicular (GNV)? Para o consumidor paraibano que se preocupa exclusivamente com a economia imediata do combustível, ou seja, com o valor comercializado pelos postos, o presidente do Sindicato da Indústria de Produção do Álcool da Paraíba (Sindalcool-PB), Edmundo Barbosa, alerta: “Os combustíveis fósseis, como a gasolina, representam um prejuízo silencioso para os motoristas a médio prazo”.
A questão é que, segundo ele, o etanol é um combustível mais limpo, que queima totalmente e não deixa resíduos nas engrenagens do veículo, ao contrário da gasolina e do diesel. De acordo com o professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o engenheiro mecânico Emerson Jaguaribe, num período de 10 anos, praticamente não se percebe a carbonização de um motor que funcione com etanol ou ao GNV. Já quando este usa gasolina, por exemplo, em alguns meses, o motor fica carbonizado, empretecido. E, na Paraíba, descarbonizar o motor de um carro popular custa pelo menos R$ 1.200,00.
CONTA SALGADA
São os entupimentos, a carbonização do motor e outros problemas deste tipo que podem fazer com que o consumidor que abastece mais ‘barato’ no dia a dia precise gastar bem mais com a manutenção do veículo posteriormente, com a conta ficando mais salgada. “Se você observar a cor do óleo do carro, também vai perceber a diferença entre um e outro. Isto influencia na vida útil do motor, que dura mais com combustíveis mais limpos”, afirmou o professor.
Sobre isto, Edmundo Barbosa acredita que o consumidor pode se perguntar quanto vem gastando com reparos do carro e com qual frequência. “A gasolina é aparentemente mais barata hoje, se considerada a continha dos 70%, mas o valor economizado na rotina não sobrepõe a economia que se faz com um motor que não tenha entupimentos nos tuchos de lubrificação, ou seja, que dure mais quilômetros”, diz.
Com base em sua experiência, o mecânico da Autovia Júlio Cézar Cavalcanti explica que, embora o etanol seja um pouco mais corrosivo, é notório que ele deixa o motor mais limpo. “A carbonização do motor se deve à péssima qualidade do combustível que consumimos – em especial a gasolina – e à falta de troca de óleo, porque quando uma pessoa passa muito tempo sem trocar, este óleo vira graxa e prejudica a lubrificação da parte interna do motor”, explica.
Se a gasolina e o diesel vendidos fossem da melhor qualidade possível (sem adulterações), continua Júlio Cézar, e se o usuário realizasse todas as manutenções corretamente, não haveria carbonização dos motores e qualquer combustível seria bom para o veículo. “Mas isso é utópico, não existe para nós hoje. Então o etanol acaba sendo a melhor alternativa, porque sem usá-lo, você acabará gastando bem mais com manutenção do que gasta abastecendo o tanque”, pontua.
