Segmentos do comércio, da indústria e de serviços na PB ignoram retração

Empresas de turismo receptivo, exportadores e do varejo segmentado de lâmpadas são algumas que vão elevar receita este ano.  

Em pleno momento de aperto fiscal do governo federal, crise energética e inflação acima da meta, há segmentos do comércio, da indústria e de serviços na Paraíba que já estão faturando mais este ano.

A alta do dólar, uma das especificidades do momento econômico, está incrementando em até 30% a demanda para viagens nacionais nas empresas de receptivos. Com medo de apagão, a busca das indústrias por geradores de energia aumentou em até 35% e há empresa de consultoria em negócios que teve um incremento de 20% no número de clientes.

Esses são alguns exemplos de segmentos que estão fortalecendo a receita em 2015, afastando o fantasma de queda na receita. O economista Rafael Bernardino salientou que esta realidade faz parte da dinâmica da economia, porque enquanto uns ganham outros perdem.

“O impacto econômico não funciona de forma linear para todos. Por causa da alta do dólar as exportações podem ficar fortalecidas em um primeiro momento, mas depois pode ser que o importador peça desconto. Então, o importante é que todos trabalhem com otimismo e, independente de qualquer coisa, tentem reter o cliente”, destacou.

Receptivo
O gerente de vendas da empresa Luck Receptivo, em João Pessoa, Fábio Dutra, não tem muito o que reclamar em relação ao desempenho da demanda. Segundo ele, com a alta do dólar, a procura pelo destino Paraíba aumentou em até 30% no mês de março, comparada a fevereiro, pleno período carnavalesco. Quando comparado março deste ano com o mesmo mês de 2014 a expansão chegou a 25%.

A empresa, que oferece serviços como traslado e passeios por João Pessoa e cidades do interior, como Areia, deve manter o bom ritmo de clientes, caso a moeda americana se mantenha em alta. “Em experiências anteriores, quando o dólar aumenta, o mercado nacional fica aquecido. Por isso esta crescente demanda deve se manter”, frisou Fábio Dutra.

Exportação
No agronegócio, as exportações na empresa Frutas Doce Mel, da Fazenda Santa Terezinha, em Mamanguape, também têm sido impulsionadas por conta da oscilação positiva do dólar. A empresa comercializa frutas para países como França, Alemanha e Itália. A produção semanal do negócio é de 1.000 toneladas e, desse total, entre 10% e 15% é exportado.

O empresário da Frutas Doce Mel, Roberto Cavalcanti, porém, salienta que como o percentual de venda para o exterior ainda não é grande, os custos com a produção interna são maiores do que as vantagem trazidas pela alta do câmbio. “Então o que eu ganho com as exportações não cobre o aumento dos gastos com a produção interna. Se eu exportasse 80% da minha produção, aí sim, eu estaria numa situação bem confortável”, frisou Cavalcanti.

Consultoria
Outra atividade que está sendo requisitada em 2015 é o de consultorias em negócios e gestão. O empresário Guilherme Barbosa, sócio da Prêmio Consultoria, sediada em Campina Grande, mas com atuação em toda Paraíba, salientou que com a instabilidade econômica, cada vez mais empresas procuram se aperfeiçoar. Por causa disso, a quantidade de clientes neste primeiro bimestre na Prêmio cresceu 20% em relação aos dois primeiros meses de 2014.

“A maior parte dos clientes é de indústria e em segundo lugar vêm empresas prestadoras de serviços. Elas estão preocupadas com a indefinição na economia, com os concorrentes. Por isso, querem trabalhar melhor a questão da lucratividade, reter mais consumidor e fazer um melhor controle financeiro e de gestão”, explicou Guilherme Barbosa.