A consultora de seleção de pessoal e psicóloga, Anna Carolina Nunes, salientou que na Paraíba existe oferta de trabalho que não é ocupada por falta de profissional qualificado. Por isso, independente do momento em que o país está passando, o aperfeiçoamento do conhecimento faz a diferença na hora de ocupar uma vaga. Segundo ela, muitos desempregados estão tendo uma nova postura diante da demissão. Eles investem cada vez mais em qualificação, alterando o perfil do desempregado.
De acordo com Anna Carolina, durante as visitas que realiza nas empresas para saber as demandas de empregos, a resposta ouvida com frequência é que não há vaga e que os empresários vão adiar as contratações e aguardar como se comporta a economia. “Mas é preciso que o candidato tenha paciência, aguarde a oportunidade e se capacite”, apontou.
A consultora enfocou que existe também o “outro lado” de alguns empresários, que reagem diante da crise dispensando o funcionário que recebe uma remuneração maior. Isso por causa da necessidade de reduzir custo. E nessa lista geralmente são dispensados os profissionais mais bem capacitados. Depois, as empresas admitem um substituto com uma remuneração mais baixa. “Não devemos, contudo, nunca menosprezar a capacitação. Porque quando a crise passar as empresas vão se reerguer e priorizar o melhor candidato”.
A psicóloga organizacional e gerente de recursos humanos de um grupo de empresas que atua na Paraíba, Maria Helena Morais, declarou que também percebeu a mudança de comportamento no trabalhador que tenta se reinserir no mercado. Ela, que também atua como coordenadora de pós-graduação de uma faculdade de João Pessoa, alegou que os contratantes não se satisfazem apenas com uma graduação.
“Conheço muito aluno desempregado que mostra outra atitude diante do desemprego. Eles estão aprofundando os estudos. Onde trabalho, o número de alunos na pós-graduação aumentou em relação ao ano passado. Há muita gente com nível profissional interessante, dando andamento aos estudos, mas assim sem encontrar uma oportunidade”.
De acordo com Maria Helena, a cobrança de empresários por pessoas mais capacitadas é uma realidade na Paraíba. Elas estão cada vez mais preferindo quem está cursando uma pós-graduação ou já concluiu. “Por isso sempre vale a pena se capacitar, porque é um investimento para o futuro”.
Raio X dos empregos
O setor de serviços foi o que mais empregou na Paraíba de janeiro a maio deste ano (24.036 trabalhadores), porém demitiu 23.437 pessoas no período, ficando com um saldo de 599 funcionários. Em segundo lugar no volume de contratações vem comércio (16.943), com 17.412 desligamentos e saldo de menos 469 vagas. Na terceira posição aparece a construção civil registrando 12.743 admissões nos primeiros cinco meses do ano, porém com 16.343 dispensas de pessoal, resultando em um saldo negativo de 3.600 trabalhadores. Por fim vem a indústria da transformação com 9.792 contratações, 14.645 demissões e saldo de – 4.853 pessoas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
